São Paulo, quinta-feira, 18 de maio de 2000


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Vita acusa Nicéa de falsificar anotações em agenda

DA REPORTAGEM LOCAL

O vereador Brasil Vita (PPB) acusou ontem a ex-primeira-dama Nicéa Pitta de ter falsificado as anotações da agenda que provariam que o prefeito Celso Pitta (PTN) pagou propina a parlamentares paulistanos. A agenda foi requisitada ontem pelo Ministério Público de São Paulo.
Promotores que já investigam as denúncias feitas por Nicéa devem pedir que um exame grafotécnico determine se as anotações suspeitas são ou não de Pitta.
Antes de o original da agenda ser requisitado pelo Ministério Público, vereadores da comissão que analisa as denúncias contra o prefeito também cogitavam pedir o exame das anotações. Eles ficaram com cópias de todas as páginas da agenda.
Vita, fiel defensor de Pitta na Câmara Municipal, disse ter mostrado uma cópia de uma das páginas da agenda ao prefeito ontem.
Antes mesmo de Nicéa terminar seu depoimento na Câmara, o parlamentar distribuiu cópias de uma página da agenda a jornalistas e apresentou as explicações que teria recebido de Pitta.
O parlamentar afirmou que ouviu do prefeito que apenas parte das anotações são dele.
"O prefeito me disse que dois nomes e os números que aparecem ao lado de uma lista de vereadores e ex-vereadores não foram escritos por ele", disse Vita.
Essa anotação aparece em uma página da agenda em que são relacionados os nomes de Nelo Rodolfo, Armando Mellão, José Índio, Mário Dias, Maeli Vergniano e do próprio Vita.
A relação aparece em uma coluna da agenda com supostos compromissos de Pitta no dia 21 de novembro de 1997.
Para o vereador Vita, há diferenças visíveis no tipo da letra no trecho em que esses nomes são relacionados. "Não há prova nenhuma. Ela (Nicéa) inventou. Só pode ter inventado."
"Coloco desde já as minhas contas à disposição", disse ontem o presidente da Câmara, Armando Mellão (PMDB), sobre o fato de seu nome aparecer ao lado de números que representariam a suposta propina que teria recebido.
Mellão também disse não acreditar na autenticidade das anotações que a ex-primeira-dama diz ser de Pitta. "Se ela for autêntica, o prefeito foi leviano", disse.
A Folha procurou os vereadores Antônio Goulart (PMDB) e Mário Dias (PPB) para comentar a acusação. Eles não foram encontrados ontem pela reportagem.
O deputado estadual cassado Hanna Garib (expulso do PPB) afirmou que também pretende abrir processos civis e criminais contra sua acusadora. Segundo Nicéa, uma das anotações revelaria que Garib teria recebido R$ 110 mil como suposto suborno.
""Isso é uma bela de uma mentira. Foi plantado. Pitta nunca pagou a ninguém e essa relação de nomes pode ter sido adulterada. Por que ela mostrou isso só agora? Espero que haja exame grafotécnico e que o prefeito se explique."
O deputado federal Nelo Rodolfo (PMDB-SP) disse que a anotação referente a seu nome não foi feita pelo prefeito. "Essa agenda é uma farsa e não resiste a qualquer tipo de exame grafotécnico." O deputado afirmou que não recebeu dinheiro de Pitta.


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