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JANIO DE FREITAS
A volta sem ida
Com um comentário que não tomou mais de 15 segundos, o senador Antonio Carlos Magalhães,
refletindo também o PFL, reduziu
a uma insignificância política o
esforço da cúpula do PSDB nos últimos dez dias, para que a sua
convenção de sábado admitisse,
mesmo a contragosto, Luiz Carlos
Mendonça de Barros como um
dos cinco vice-presidentes do partido.
A operação peessedebista, dificultada pelas resistências ao Mendonça de Barros do grampo no
BNDES, foi a etapa inicial da preparação para sua volta ao governo, desejada por Fernando Henrique Cardoso. Há algum tempo
Mendonça de Barros ocupa-se em
montar um pretenso plano de
crescimento econômico, do qual
teria o comando no ministério.
""Ele estava havia muito tempo
sem falar, por isso está falando
tanto (em plano de governo). Mas
ele precisa ficar mais humilde, até
porque o cargo dele (vice-presidente do PSDB para assuntos econômicos) não tem lá essa importância, não." Sem falar em ministério, Antônio Carlos emitiu o
aviso: o PFL, que sabe muito bem
as intenções de Fernando Henrique, não aceitará a tentativa de
reintrodução de Mendonça de
Barros no ministério, ainda mais
em um posto que equivaleria ao
de chefe de fato do governo.
A operação em torno de Mendonça de Barros objetiva a retomada do plano traçado para o segundo mandato, quando a ele seria entregue um tal Ministério da
Produção com superpoderes. Como o plano conflita com a política
defendida por Pedro Malan, o retorno de Mendonça de Barros significaria, no começo do ano ou
agora, a substituição na Fazenda.
Para o lugar de Malan, um nome
considerado era o de José Serra,
que foi quem levou Mendonça de
Barros para o governo. Hoje há
também o nome de Celso Lafer,
que precisaria deixar o Ministério
do Desenvolvimento.
Esse cenário, além de explicar a
resistência do PFL ao rolo compressor, proporciona a explicação
para um fato que a princípio foi
esquisito. Parte do noticiário,
dando até capa de revista, sobre a
presença de Malan na sala em que
era acertada a ""ajuda" ao Banco
Marka, contou com informações
saídas do próprio Planalto. Para
meia palavra, bom entendedor
basta.
Ao considerar sua possível volta
ao governo e a oposição no PSDB
mesmo à sua indicação para dirigente, por causa do grampo e da
aventura espanhola (a do hotel
com fatura falsa), Mendonça de
Barros tem opinião interessante:
""Isso não tem importância, (...)
foi uma questão jornalística explorada politicamente".
Na melhor hipótese, seria o contrário: uma questão política explorada jornalisticamente. Foi
mais, porém. Nos dois casos, muito mais.
O fisiológico
Agora é por decreto presidencial: os ministros podem usar
aviões da FAB para idas e voltas
entre suas casas e Brasília quantas vezes quiserem.
Nos Estados Unidos e nos países
europeus, essas viagens são pagas
do bolso ministerial. Mas esses
são países pobres, coitados. E não
têm a decência pessoal do governante de um país com sobra de recursos, como o Brasil.
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