São Paulo, Terça-feira, 18 de Maio de 1999
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RUMO A 2002
Dois dias após assumir vice-presidência do PSDB, ex-ministro de FHC é criticado por ACM e Bornhausen
PFL faz críticas a Mendonça de Barros

RAQUEL ULHÔA
da Sucursal de Brasília

O presidente do Senado, Antonio Carlos Magalhães (PFL-BA), recomendou ontem "mais humildade" ao ex-ministro das Comunicações Luiz Carlos Mendonça de Barros, novo porta-voz econômico do PSDB. O presidente do PFL, senador Jorge Bornhausen (PFL-SC), também lhe dirigiu um "conselho": "falar menos e agir mais".
Dois dias após ser eleito vice-presidente do PSDB para assuntos relacionados à economia, Mendonça de Barros ainda enfrenta resistências dentro do próprio partido e já provocou o primeiro atrito com caciques do PFL.
ACM e Bornhausen foram irônicos ao comentar previsões feitas pelo ex-ministro de que PSDB e PFL, partidos que integram a base de sustentação do governo Fernando Henrique Cardoso, se dividirão cada vez mais em torno da política econômica do governo, até as eleições de 2002.
"O Mendonça estava havia muito tempo sem falar e, então, quando ele fala, evidentemente, coloca tudo o que gostaria de dizer. Tenho certeza de que ele vai ter mais humildade, doravante, porque uma função política, embora não tão importante, exige isso", disse ontem ACM.
Bornhausen disse ter estranhado os comentários de Mendonça de Barros. Segundo ele, o PFL sabe que a política econômica do governo "sempre foi do PSDB".
"Se posso dar um conselho a ele, que está ingressando nessa difícil área política, é falar menos e agir mais. Não tenho nada contra a eleição dele para vice-presidente do PSDB. Mas dou esse conselho como amigo. Política exige cautela", afirmou Bornhausen.
A eleição de Mendonça de Barros também não convenceu setores do próprio PSDB. Eles prevêem desgaste para o partido pelo fato de ter no comando um ex-ministro que foi afastado do governo sob suspeita de irregularidades na privatização do Sistema Telebrás.
"Será ruim para ele e muito pior para o partido. Vão reabrir o caso da privatização para atingir o partido. E será um desgaste inútil. Ele mesmo reconhece que não é do PSDB", afirmou o senador Carlos Wilson (PSDB-PE).
O TCU (Tribunal de Contas da União) ainda não divulgou parecer técnico favorável à atuação de Mendonça de Barros na privatização do Sistema Telebrás.
O parecer será usado pelo relator do caso, ministro Bento Bugarin, no voto que apresentará ao plenário do tribunal. O ex-ministro disse ter conhecimento de que o parecer lhe é favorável.
Não há data marcada para o desfecho do caso. Uma posição favorável do TCU abriria caminho para a volta efetiva do ex-ministro ao governo federal.


Colaborou SILVANA DE FREITAS, da Sucursal de Brasília


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