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RUMO A 2002
Dois dias após assumir vice-presidência do PSDB, ex-ministro de FHC é criticado por ACM e Bornhausen
PFL faz críticas a Mendonça de Barros
RAQUEL ULHÔA
da Sucursal de Brasília
O presidente do Senado, Antonio
Carlos Magalhães (PFL-BA), recomendou ontem "mais humildade"
ao ex-ministro das Comunicações
Luiz Carlos Mendonça de Barros,
novo porta-voz econômico do
PSDB. O presidente do PFL, senador Jorge Bornhausen (PFL-SC),
também lhe dirigiu um "conselho": "falar menos e agir mais".
Dois dias após ser eleito vice-presidente do PSDB para assuntos
relacionados à economia, Mendonça de Barros ainda enfrenta resistências dentro do próprio partido e já provocou o primeiro atrito
com caciques do PFL.
ACM e Bornhausen foram irônicos ao comentar previsões feitas
pelo ex-ministro de que PSDB e
PFL, partidos que integram a base
de sustentação do governo Fernando Henrique Cardoso, se dividirão cada vez mais em torno da
política econômica do governo, até
as eleições de 2002.
"O Mendonça estava havia muito tempo sem falar e, então, quando ele fala, evidentemente, coloca
tudo o que gostaria de dizer. Tenho certeza de que ele vai ter mais
humildade, doravante, porque
uma função política, embora não
tão importante, exige isso", disse
ontem ACM.
Bornhausen disse ter estranhado
os comentários de Mendonça de
Barros. Segundo ele, o PFL sabe
que a política econômica do governo "sempre foi do PSDB".
"Se posso dar um conselho a ele,
que está ingressando nessa difícil
área política, é falar menos e agir
mais. Não tenho nada contra a
eleição dele para vice-presidente
do PSDB. Mas dou esse conselho
como amigo. Política exige cautela", afirmou Bornhausen.
A eleição de Mendonça de Barros
também não convenceu setores do
próprio PSDB. Eles prevêem desgaste para o partido pelo fato de ter
no comando um ex-ministro que
foi afastado do governo sob suspeita de irregularidades na privatização do Sistema Telebrás.
"Será ruim para ele e muito pior
para o partido. Vão reabrir o caso
da privatização para atingir o partido. E será um desgaste inútil. Ele
mesmo reconhece que não é do
PSDB", afirmou o senador Carlos
Wilson (PSDB-PE).
O TCU (Tribunal de Contas da
União) ainda não divulgou parecer
técnico favorável à atuação de
Mendonça de Barros na privatização do Sistema Telebrás.
O parecer será usado pelo relator
do caso, ministro Bento Bugarin,
no voto que apresentará ao plenário do tribunal. O ex-ministro disse ter conhecimento de que o parecer lhe é favorável.
Não há data marcada para o desfecho do caso. Uma posição favorável do TCU abriria caminho para
a volta efetiva do ex-ministro ao
governo federal.
Colaborou
SILVANA DE FREITAS, da Sucursal
de Brasília
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