São Paulo, Terça-feira, 18 de Maio de 1999
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TELECOMUNICAÇÕES
Programa havia sido implantado pela Telesp em 94, que o parou em 98 devido aos custos; hoje há indefinição sobre responsável
Celular em áreas rurais é suspenso em SP

PATRÍCIA ANDRADE
da Reportagem Local

O Ruralcel de São Paulo, programa cuja finalidade era instalar telefones celulares nas áreas rurais do Estado, está suspenso há mais de um ano e até hoje não foi reativado por causa de indefinições sobre quem seria responsável pela operação do sistema: a Telefônica ou a Telesp Celular.
No final de abril do ano passado, o Ruralcel foi paralisado pela antiga Telebrás com a justificativa de que era um sistema muito oneroso e de que seria necessário esperar a privatização das teles para definir quem ficaria com a responsabilidade de tocar o programa.
Aconteceu a privatização em julho, houve a cisão da antiga Telesp, mas as incertezas permaneceram.
Por entendimento da Anatel (Agência Nacional de Telecomunicações), a Telefônica, que ficou com o controle da telefonia fixa no Estado de São Paulo, teria de gerenciar o plano, cabendo à Telesp Celular dar acesso ao sistema, transmitindo o sinal.
Mesmo assim, o programa não foi reativado. Um dos principais problemas diz respeito às tarifas. Enquanto o Ruralcel funcionou, as taxas eram subsidiadas pelo Estado. O minuto da ligação de uma linha do Ruralcel custa R$ 0,10, contra R$ 0,37 de um celular normal. A tarifa básica mensal do celular é de R$ 37,70; a do Ruralcel, de R$ 16.
Na última quinta-feira, durante depoimento do presidente da Telefônica no Brasil, Fernando Xavier Ferreira, à CPI da Assembléia Legislativa de São Paulo que investiga a atuação da empresa, houve um avanço nessa questão. A empresa informou que estava em entendimento com a Telesp Celular para trazer de volta o Ruralcel.
O programa foi criado em 1994, mas tomou impulso em 1996, quando o governo estadual assinou convênio com a antiga Telesp para instalar 200 mil terminais nas áreas rurais de São Paulo até 1998.
Durante sua vigência, o programa só conseguiu instalar 22 mil linhas. Com a suspensão, pequenas e médias empresas que faziam instalação e manutenção técnica do serviço foram, aos poucos, fechando as portas. De 100 empresas, sobreviveram aproximadamente 30. Cerca de 4.000 funcionários foram dispensados.
"Esse programa tem um forte componente social. Leva comunicação aos produtores, escolas, delegacias e postos de saúde rurais. Vamos ver se, com a promessa da Telefônica, ele é reativado", disse o presidente da CPI, deputado estadual Edson Aparecido (PSDB).
O engenheiro José Celso Alberti, dono de uma das empresas que atuam na instalação dessas linhas no meio rural, afirma que durante todos esses meses os empresários do setor e os produtores rurais tentaram inúmeras vezes obter respostas sobre o futuro do programa tanto na Telefônica como na Anatel. "A Anatel nos dizia que era um problema a ser resolvido entre as concessionárias", afirmou.
Em ofício enviado ao senador Eduardo Suplicy (PT-SP), em fevereiro último, a Anatel informou que estava orientando as prestadoras do serviço telefônico fixo a elaborar um plano alternativo para atender o segmento em questão.
Disse também que havia liberado a tecnologia WLL (Wireless Local Loop) para atendimento de localidades com menos de 50 mil habitantes. Essa tecnologia, segundo a agência, seria uma solução de menor custo para o usuário, mas ainda não há empresas de telefonia operando com ela no Brasil.
As chamadas empresas-espelho, que vão entrar no mercado para concorrer com a Telefônica até o final do ano, devem utilizar essa tecnologia.


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