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JUDICIÁRIO
Órgão responsável incluiria representantes da sociedade civil, e não só magistrados
Deputado propõe controle do Judiciário
da Sucursal de Brasília
O deputado Marcelo Déda (PT-SE), relator-parcial da reforma do
Judiciário na Câmara, propõe o
controle social do Poder em parecer entregue ontem na comissão
especial que analisa a questão.
A proposta do deputado sergipano contraria a intenção do relator-geral, Aloysio Nunes Ferreira
(PSDB-SP), e de magistrados que
defendem um modelo de controle
externo formado pelos próprios
juízes e membros da magistratura.
Pela proposta de Déda, o Conselho Nacional de Justiça teria 21
membros. Eles seriam escolhidos
para um mandato de quatro anos.
Desse total, seriam eleitos 11 pelo
Congresso Nacional -incluindo
representantes do meio científico e
acadêmico-, 4 juízes, 3 membros
do Ministério Público e outros 3
advogados.
"Se os magistrados forem maioria, será desfigurado o controle
que a sociedade deve exercer sobre
o Judiciário", disse Déda.
O relator-geral da reforma, porém, já declarou que não encontrou argumentos que o convencessem da necessidade de representantes da sociedade integrarem o
conselho de controle externo do
Poder Judiciário.
Democratização
"Se o Congresso tentar fazer um
controle de brincadeirinha, não
vai convencer os que lutam pela
democratização do Poder Judiciário. A precipitação do relator é típica dos tucanos. Ele confunde sociedade civil com corporação",
afirmou Déda.
A proposta do deputado petista
estabelece também a proibição de
que parlamentares ou ex-parlamentares participem do Conselho
Nacional de Justiça.
"Temos de evitar que se repita a
representação que transformou o
TCU (Tribunal de Contas da
União) em depósito de políticos",
disse o deputado sergipano.
A proibição também atinge o
procurador-geral da República, os
procuradores-gerais de Justiça e o
presidente e os conselheiros da
OAB (Ordem dos Advogados do
Brasil).
Coordenação
Pela proposta de Déda, o conselho teria poderes de coordenação,
fiscalização e disciplina sobre as
atividades administrativas dos órgãos de Justiça.
Poderia, dessa maneira, decidir
por perda de cargo, remoção e outras sanções administrativas.
O conselho poderia também
avocar processos disciplinares
contra juízes e servidores do Poder
Judiciário, entre outras atribuições.
O parecer global da reforma, que
será elaborado por Aloysio Nunes
Ferreira, deverá ser entregue à comissão especial da Câmara que
discute a reforma do Judiciário no
próximo dia 31.
A comissão foi criada no final de
março pelo presidente da Câmara
dos Deputados, Michel Temer
(PDMB-SP), com o fim de discutir
propostas de mudanças no Poder
Judiciário.
O presidente Fernando Henrique Cardoso chegou a afirmar, em
abril, que a comissão era mais importante que a CPI (Comissão Parlamentar de Inquérito) do Senado
que investiga supostas irregularidades no Judiciário.
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