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CRISE FEDERATIVA
Programa usaria dinheiro do pagamento das dívidas estaduais
Oposição propõe criação de
fundo para gerar emprego
ISABEL CLEMENTE
da Sucursal do Rio
Os governadores de oposição,
reunidos ontem
no Rio, decidiram propor ao
governo federal
que metade do
pagamento da
dívida dos Estados seja aplicada
num fundo específico para o ensino profissionalizante e para a geração de emprego e renda nos próprios Estados.
Eles também querem mudar a
forma de os Estados serem compensados pelas isenções de ICMS
(Imposto sobre Circulação de
Mercadorias e Serviços) previstas
na Lei Kandir.
Hoje, as empresas exportadoras
deixam de pagar ICMS, e os Estados são compensados pela União.
Os Estados querem recolher o
imposto normalmente e emitir um
certificado que ateste o crédito da
empresa. Ficaria a cargo da empresa obter a compensação do imposto diretamente do governo federal.
As propostas foram divulgadas e
encaminhadas ontem ao governo.
Os governadores oposicionistas
continuam negociando os novos
termos para quitar suas dívidas,
mas estão exigindo "compensações para as perdas", segundo o
governador do Rio, Anthony Garotinho (PDT).
"As medidas apresentadas (pelo
governo federal) são insuficientes
para resolver os problemas dos Estados. Elas praticamente não trazem benefício nenhum aos Estados", disse Garotinho.
O governo anunciou recentemente medidas para antecipar a
receita da Lei Kandir e aliviar a carga da dívida líquida dos Estados.
Segundo Garotinho, só o Rio
perde R$ 500 milhões por ano com
o Fundef (Fundo de Desenvolvimento do Ensino Fundamental).
O Fundef -formado com parcelas de vários impostos recolhidos
por Estados e municípios e redistribuídos de acordo com o número
de alunos do ensino fundamental
(antigo 1º grau)- continuaria
existindo, na proposta oposicionista. O novo fundo seria gerido
pela União.
Assinam as propostas Garotinho, Olívio Dutra (PT-RS), Zeca
do PT (PT-MS), João Capiberibe
(PSB-AP), Ronaldo Lessa (PSB-AL) e Jorge Viana (PT-AC). Desses, apenas Lessa não foi à reunião
de ontem no Rio.
Garotinho criticou o que chamou de retrocesso em várias frentes de negociações dos Estados
com o governo federal.
Quanto à mudança de recolhimento do ICMS da Lei Kandir, a
idéia, disse Garotinho, "é acabar
com a andança do dinheiro".
A oposição também pretende debater reforma tributária com os
municípios. Será convocada uma
reunião com a Frente Nacional dos
Prefeitos, dentro de 20 dias.
Depois disso, os governadores de
oposição pretendem fazer uma
reunião mais ampla com os governadores da base governista.
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