São Paulo, domingo, 18 de julho de 2004

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

GOVERNO EM DISPUTA

Desenvolvimento é meta de novo órgão

Dirceu vai presidir câmara criada por Lula, mas nega ter mais poder

DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva incumbiu o ministro José Dirceu (Casa Civil) de presidir a Câmara de Política de Desenvolvimento Econômico, criada por decreto publicado sexta-feira no "Diário Oficial da União". Na prática, Lula delegou a Dirceu -ampliando seus poderes- a coordenação de ações voltados para o desenvolvimento econômico.
Um outro decreto dá ao ministro Antonio Palocci (Fazenda) a presidência da Câmara de Política Econômica, que já existia desde o governo anterior, e também reforça sua condução dos rumos da economia do país. Palocci fica com a política macroeconômica.
Os decretos publicados ontem procuram evitar choque de funções entre Dirceu e Palocci. Ambos negam divergências quanto à condução da política econômica, mas, nos bastidores, Dirceu se alinha com os defensores da redução dos juros e da retomada do crescimento -contrários à ala mais ortodoxa do governo.
Oficialmente, a câmara de Dirceu vai "formular políticas e estabelecer diretrizes gerais e planos nacionais e regionais de desenvolvimento econômico, além de coordenar e articular e acompanhar a implementação dos programas e ações voltados para o desenvolvimento econômico".
Essa câmara será formada por 13 ministros e pelo secretário do Conselho de Desenvolvimento Econômico, Jaques Wagner.
O decreto cria um comitê executivo para acompanhar a execução das decisões que forem tomadas. Esse comitê será coordenado pela assessora Miriam Belchior, que passa a ocupar o cargo de subchefe de articulação e monitoramento da Casa Civil.
A câmara de Palocci tem oito ministros e tem a competência de "formular e propor políticas econômicas". Palocci participa da câmara de Dirceu e vice-versa.
Na prática, o decreto dá a Dirceu as funções que foram delegadas a ele na reforma ministerial de janeiro, como gerenciar políticas microecnômicas do governo.
Ontem, em São Paulo, o ministro negou que teve seus poderes ampliados e que vá interferir na política econômica. "A câmara está na Presidência e só por isso eu a presido. Vou servir mais em um papel de secretaria para o presidente do que presidi-la propriamente dito (...) Política econômica, é com o ministro Palocci."


Texto Anterior: Janio de Freitas: Os passinhos adiante
Próximo Texto: No Planalto - Josias de Souza: Ex-PT dá de ombros para descalabro da Previdência
Índice



Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.