São Paulo, domingo, 18 de julho de 2004

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ELEIÇÕES 2004 / OUTROS ESTADOS

Acordo foi feito em 21% dos municípios do Estado, quase todos pequenos e nos quais houve coligação com tucanos e pefelistas

PT, PSDB e PFL fazem em Minas pacto de não-agressão a Lula

PAULO PEIXOTO
DA AGÊNCIA FOLHA, EM BELO HORIZONTE

Mais do que fazer coligações com o PSDB e o PFL, que atingem 21% dos municípios mineiros, o PT conseguiu fazer com que tucanos e pefelistas em Minas assinassem um documento no qual se comprometem a não criticar o governo Lula na eleição e a pautar suas ações, seja na campanha ou na gestão municipal, nos moldes das administrações petistas.
O documento é um pré-requisito da direção estadual do PT para que as coligações pudessem ser feitas. Mas a carta-compromisso vai contra as orientações das direções nacionais do PSDB e do PFL, que querem, na campanha deste ano, pôr na berlinda a gestão Lula.
A carta foi redigida pelo diretório estadual e distribuída aos 822 diretórios municipais e comissões provisórias petistas. Nela, os aliados assumem o compromisso de adotar o modelo das "administrações democráticas e populares".
O comprometimento com o governo federal está no segundo parágrafo, pelo qual a sigla aliada assume "integrar os esforços nacionais que estão sendo feitos pelo governo". "Está implícita a não-agressão à gestão Lula", disse Alex Lara, da executiva estadual. Até o deputado estadual Sidney Souza (PSDB), candidato do governador tucano Aécio Neves em São João Del Rey, berço dos Neves, se aliou ao PT e assinou a carta.
O cálculo petista aponta até agora para coligações com PSDB e PFL em cerca de 150 dos 853 municípios mineiros, para "espanto" geral, conforme disse o vice-presidente nacional do PT, Romênio Pereira (MG), responsável por acompanhar as eleições nas pequenas cidades brasileiras (4.615).
"As alianças com o PSDB e o PFL em Minas estão muito acima do que a gente imaginava, é uma quantidade que nos assustou."
Pereira estima que o Estado deve ficar muito à frente dos demais em coligações com PSDB e PFL.
Nas alianças firmadas conforme os princípios da carta-compromisso, o PT pode ser tanto cabeça de chapa, vice ou só apoiar um candidato das duas siglas aliadas.
Das 150 alianças, 70% são com tucanos. Isso pode crescer, já que muitas cidades ainda não mandaram os documentos. No PT, a demora é vista como receio de eventual impedimento da coligação.
Mas a executiva estadual, que havia repassado a orientação da direção nacional para que o partido fizesse alianças preferencialmente com legendas aliadas do governo Lula no Congresso, não vai barrá-las, porque elas estão sendo feitas nos pequenos municípios, os chamados grotões.
Para Lara, essas eleições são "locais demais", prevalecendo mais as relações pessoais do que partidárias e ideológicas. "Além disso, existe a carta-compromisso."
O PT, segundo Lara, é "oposição ao governo Aécio Neves" e continuará sendo, mas ele acha que as boas relações propaladas entre o governador e o Planalto e entre Aécio e o PT de Belo Horizonte deram "impulso maior" para que petistas e tucanos se coligassem no interior do Estado.
Nas cidades de Minas com mais de 100 mil eleitores, o PT se aliou ao PSDB só em Teófilo Otoni. Até agora, houve a restrição apenas a uma coligação, de acordo com o PT, porque o candidato tucano teria problemas com a Justiça.


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