São Paulo, domingo, 18 de julho de 2004

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

OS ELEITOS

Número de postulantes na pequena Santiago do Sul é igual ao de vagas

Sem rivais, candidatos em cidade catarinense têm vitória garantida

JOSÉ EDUARDO RONDON
DA AGÊNCIA FOLHA, EM SANTIAGO DO SUL (SC)

Por falta de adversário, 11 políticos vão entrar em campo na eleição de outubro com o jogo praticamente ganho. Eles são os únicos candidatos a prefeito e vice e às nove vagas de vereador de Santiago do Sul, o menor colégio eleitoral de Santa Catarina, com apenas 1.104 eleitores.
São políticos que só precisam de um voto para se eleger, segundo o juiz Rudson Marcos, da zona eleitoral de Quilombo, responsável pela homologação das candidaturas de Santiago do Sul. Os 11 candidatos precisam também ter seus nomes homologados pela Justiça Eleitoral. O prazo para isso é 14 de agosto.
Essa democracia de chapa única se repete em outras pequenas cidades, mas não a ponto de o número de candidatos a vereador ser igual ao de vagas.
Com 1.696 habitantes e a 629 km a oeste de Florianópolis, Santiago do Sul teve, na verdade, um processo de escolha.
Segundo o candidato a prefeito, Agacir Gluzezak (PP), 43, os partidos de sua coligação promoveram sete reuniões prévias, com 250 participantes no total, para chegar à chapa de consenso. "Nossa comunidade é pequena e, sem a disputa, podemos ganhar tempo e apoio dos moradores para resolver os problemas do município. Pretendemos, ainda neste mês, apresentar um plano de governo", disse ele, que terá um vice do PMDB.
Dos vereadores, são dois candidatos do PP, dois do PMDB, dois do PFL, dois do PT e um do PDT. Desses, só os dois pefelistas são candidatos à reeleição.
A vereadora Dulce Comachio (PP), 65, disse que resolveu não tentar novo mandato por "estar cansada da política". Para ela, a chapa única evita desavenças e permite mais agilidade ao próximo governo. "Santiago não comporta disputas políticas."
Para a candidata petista Ides Casanova Nievinski, 53, o antagonismo no cenário nacional entre PT e PSDB e PFL não se aplica à realidade do município. "Temos divergências políticas, claro, mas, em busca de melhorias para a cidade, superamos isso e saímos com chapa única."
Poucos moradores reclamam da falta de disputa no município, onde não há sinais de campanha, como faixas e santinhos. O comerciante Ari Antônio Bertoldo, 41, é um deles. "Não sei até agora quais são as propostas dos candidatos. Continuando assim, anularei meus voto."
Mas a opinião mais comum é a de Leoclides Macari, 67, funcionário de um clube local. "Sem os questionamentos e a disputa que acontece normalmente entre os candidatos na época das eleições, os moradores de Santiago do Sul ganham em harmonia e entendimento."
Os eleitos ganharão R$ 4.900 (prefeito) e R$ 770 (vereador).
Além de Santiago do Sul, em ao menos nove municípios, todos com menos de 15 mil eleitores, a eleição de 2004 terá só um candidato a prefeito. Num deles, Mato Queimado (RS), há um acordo entre os dez candidatos às nove vagas da Câmara, o que, na prática, deixa a eleição sem perdedor. Haverá rodízio a cada quatro meses para o suplente também assumir uma vaga.


Texto Anterior: Eleições 2004 / Outros estados: PT, PSDB e PFL fazem em Minas pacto de não-agressão a Lula
Próximo Texto: Eleições 2004 / Patrimônio: Vereador atribui aumento de bens a pensão de perseguido
Índice



Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.