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PRIVATIZAÇÃO
Passivo da empresa equivale a 5% do faturamento do sistema em 97
Dívidas da Telebrás são de quase R$ 1 bi, diz presidente
FERNANDO GODINHO
da Sucursal de Brasília
O Sistema Telebrás possui cerca
de R$ 1 bilhão em dívidas trabalhistas, previdenciárias e fiscais
em negociação na Justiça a menos
de duas semanas da privatização.
Esses passivos, equivalentes a
5% do faturamento do sistema no
ano passado, serão herdados pelos
compradores da estatal. O leilão
de privatização está marcado para
o próximo dia 29.
O número foi repassado à Folha
pelo presidente da Telebrás, Fernando Xavier Ferreira, e está em
um relatório preparado para os
investidores que estão consultando as "data rooms" (salas de informação) da empresa.
No grupo das 12 holdings criadas após a cisão da Telebrás (há
cerca de dois meses), os passivos
estão concentrados nas três empresas de telefonia fixa e na Embratel.
Nas oito holdings de telefonia
celular, esse tipo de pendência judicial não existe.
Para o presidente da Telebrás, o
volume desses passivos é considerado "absolutamente normal na
vida de um sistema que faturou R$
20 bilhões no ano passado".
Ferreira disse que os débitos foram auditados pelas empresas de
consultoria que avaliaram o Sistema Telebrás para sua privatização.
Segundo ele, os consórcios consideram que a estatal tem condições de ganhar essa disputa judicial contra ex-funcionários e órgãos de arrecadação do governo.
"Qualquer empresa tem questões sobre o recolhimento de impostos que acabam em discussão
com o arrecadador. Isso é normal
e também acontece na Telebrás,
que tem recolhimentos em discussão com o INSS e pendências trabalhistas", declarou Ferreira.
"Os consórcios avaliam que os
argumentos da Telebrás estão
bem fundamentados. Esses passivos não são problemáticos e não
mereceram nenhuma recomendação no balanço da empresa."
Por causa dessa avaliação positiva das empresas de consultoria, a
Telebrás não possui nenhuma
provisão para um eventual pagamento dos passivos que estão sendo negociados na Justiça.
Compradores
Investidores interessados na Telebrás ouvidos pela Folha afirmaram que os passivos de aproximadamente R$ 1 bilhão provocam
impacto pela alta quantia, mas
não chegam a preocupar, levando-se em conta o valor da estatal.
Por outro lado, há uma preocupação em torno do resultado dessas demandas, que poderão representar gastos extraordinários após
a privatização da estatal.
Os investidores disseram que esses passivos serão considerados na
montagem das propostas financeiras que serão levadas ao leilão
de privatização da Telebrás.
Endividamento
O presidente da Telebrás disse
também que o nível de endividamento da estatal oscila entre 6% e
7% do patrimônio, calculado pelas empresas de consultoria em R$
31,987 bilhões.
Ele lembrou que grande parte do
atual orçamento da Telebrás está
sendo usado para pagar parcelas
de contratos assinados nos últimos dois anos. Dessa forma, o
perfil de endividamento da estatal
apresenta tendência de queda.
Segundo o presidente da Telebrás, o orçamento da estatal para
este ano é de quase R$ 8,5 bilhões.
Até agosto, quando a privatização
já deverá ter ocorrido, terão sido
gastos R$ 5,75 bilhões.
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