São Paulo, sábado, 18 de julho de 1998

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PRIVATIZAÇÃO
Passivo da empresa equivale a 5% do faturamento do sistema em 97
Dívidas da Telebrás são de quase R$ 1 bi, diz presidente


FERNANDO GODINHO
da Sucursal de Brasília

O Sistema Telebrás possui cerca de R$ 1 bilhão em dívidas trabalhistas, previdenciárias e fiscais em negociação na Justiça a menos de duas semanas da privatização.
Esses passivos, equivalentes a 5% do faturamento do sistema no ano passado, serão herdados pelos compradores da estatal. O leilão de privatização está marcado para o próximo dia 29.
O número foi repassado à Folha pelo presidente da Telebrás, Fernando Xavier Ferreira, e está em um relatório preparado para os investidores que estão consultando as "data rooms" (salas de informação) da empresa.
No grupo das 12 holdings criadas após a cisão da Telebrás (há cerca de dois meses), os passivos estão concentrados nas três empresas de telefonia fixa e na Embratel.
Nas oito holdings de telefonia celular, esse tipo de pendência judicial não existe.
Para o presidente da Telebrás, o volume desses passivos é considerado "absolutamente normal na vida de um sistema que faturou R$ 20 bilhões no ano passado".
Ferreira disse que os débitos foram auditados pelas empresas de consultoria que avaliaram o Sistema Telebrás para sua privatização.
Segundo ele, os consórcios consideram que a estatal tem condições de ganhar essa disputa judicial contra ex-funcionários e órgãos de arrecadação do governo.
"Qualquer empresa tem questões sobre o recolhimento de impostos que acabam em discussão com o arrecadador. Isso é normal e também acontece na Telebrás, que tem recolhimentos em discussão com o INSS e pendências trabalhistas", declarou Ferreira.
"Os consórcios avaliam que os argumentos da Telebrás estão bem fundamentados. Esses passivos não são problemáticos e não mereceram nenhuma recomendação no balanço da empresa."
Por causa dessa avaliação positiva das empresas de consultoria, a Telebrás não possui nenhuma provisão para um eventual pagamento dos passivos que estão sendo negociados na Justiça.

Compradores
Investidores interessados na Telebrás ouvidos pela Folha afirmaram que os passivos de aproximadamente R$ 1 bilhão provocam impacto pela alta quantia, mas não chegam a preocupar, levando-se em conta o valor da estatal.
Por outro lado, há uma preocupação em torno do resultado dessas demandas, que poderão representar gastos extraordinários após a privatização da estatal.
Os investidores disseram que esses passivos serão considerados na montagem das propostas financeiras que serão levadas ao leilão de privatização da Telebrás.

Endividamento
O presidente da Telebrás disse também que o nível de endividamento da estatal oscila entre 6% e 7% do patrimônio, calculado pelas empresas de consultoria em R$ 31,987 bilhões.
Ele lembrou que grande parte do atual orçamento da Telebrás está sendo usado para pagar parcelas de contratos assinados nos últimos dois anos. Dessa forma, o perfil de endividamento da estatal apresenta tendência de queda.
Segundo o presidente da Telebrás, o orçamento da estatal para este ano é de quase R$ 8,5 bilhões. Até agosto, quando a privatização já deverá ter ocorrido, terão sido gastos R$ 5,75 bilhões.



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