São Paulo, quinta-feira, 18 de agosto de 2005

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JANIO DE FREITAS

As distorções interessadas

Se bem me lembro, entre os deveres fundamentais de presidente está o de prestar ao povo informações, o que implica veracidade, sobre o estado do país e as situações relevantes. A cada evento-comício, porém, Lula tem difundido explicações deliberadamente inverdadeiras sobre a crise, como fez ontem ao ligar a turbulência política à ação, por parte de "não poucos", dos "que querem jogar a corrupção para dentro do palácio".
Vá lá que não aponte a origem da crise no seu palácio, onde vicejaram planos e práticas resultantes na corrupção parcialmente descoberta. Mas entre o silêncio e o que Lula tem dito é como passar do permitido para o condenável.
Hoje seria o caso, em vista do que disse a representantes da CPI dos Correios o doleiro Toninho da Barcelona, de algumas observações sobre os problemas de ouvir pessoas já por princípio inconfiáveis e, ainda por cima, interessadas em mentir para tirar proveitos.
Mesmo quando não dispensáveis, esses depoimentos em geral lançam suspeitas injustas para muitos dos citados e perturbadoras para a investigação, pelos desvios e pelo tempo que demandam.
Mas se o próprio presidente da República ocupa-se de desinformar, deformar, confundir e inconscientizar, também para obter proveitos, tornam-se despropositadas quaisquer observações sobre depoimentos de condenados e outros mentirosos. Afinal, dizem, o exemplo vem de cima.

Roteiro
O discurso do senador José Sarney, com uma série de sugestões para pontos de reforma necessária, não teve nos jornais e TVs o destaque merecido pelo trabalho mais pensado e sério em muitos anos do Congresso. Mas está destinado a balizar muitas reflexões, dentro e fora do Congresso, e decisões parlamentares.

Bis
A direção do PT, informou "O Globo", vai ser orientada pela assessoria Trevisan Associados na recomposição da vida financeira do partido. Não ficou claro se a assessoria inclui, como fez para a empresa do Lula filho, a colaboração financeira e muito desinteressada da Telemar, por intermédio da Trevisan.
Já que a primeira intermediação foi dada como natural e ética, aplicá-la de novo seria a solução mais lógica -por vários motivos- para o PT.

Sem valor
Aqui citado para desfazer ligeira confusão de grafia entre o seu e o nome do deputado Paulo Pimenta, o ex-governador paranaense Roberto Pimentel rejeitou a possibilidade de tratar-se dele, na menção à semelhante notoriedade por motivos lamentáveis. Como os deputados das CPIs dizem a cada fala, "não fiz juízo de valor", a respeito do segundo Paulo. Apenas fiz referência ao noticiário da sua época de notoriedade, sem o dar por justo ou não.


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