São Paulo, quinta-feira, 18 de agosto de 2005 |
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ESCÂNDALO DO "MENSALÃO"/LULA NA MIRA Ato liderado por PSTU e PSOL e superou em 2.000 pessoas o manifestação em favor de Lula, anteontem, segundo estimativa da PM 12 mil protestam pelo impeachment de Lula
EDUARDO SCOLESE DA SUCURSAL DE BRASÍLIA LUIZ FRANCISCO DA AGÊNCIA FOLHA, EM BRASÍLIA A manifestação liderada por PSTU e PSOL, que pediu o impeachment do presidente Luiz Inácio Lula da Silva e entoou gritos contra Congresso, PSDB e PFL, levou ontem cerca de 12 mil pessoas à Esplanada dos Ministérios, segundo a Polícia Militar. Com isso, venceu a guerra de público contra o ato pró-Lula (dez mil pessoas) realizado anteontem em Brasília, sob o comando da CUT (Central Única dos Trabalhadores), da UNE (União Nacional dos Estudantes) e do MST (Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra). Aos organizadores da manifestação de ontem, uniram-se punks, servidores públicos, estudantes do Distrito Federal -alguns deles ao estilo cara-pintada- e representantes da esquerda CUT, do PPS, do PDT e até do ultradireitista Prona, do deputado Enéas Carneiro (SP). Durante a marcha, que passou em frente ao Palácio do Planalto e terminou no gramado do Congresso, manifestantes queimaram um boneco que representava o presidente Lula e pisaram em algumas bandeiras do PT. "Fora, Lula" Nas cerca de quatro horas de protesto, o que mais se viu foram faixas pedindo a saída de Lula e dos petistas "corruptos" do governo, pessoas usando cuecas por fora da calça e máscaras representando o ex-ministro José Dirceu (PT-SP), o ex-tesoureiro do PT Delúbio Soares e o publicitário Marcos Valério de Souza. Do caminhão de som, além de discursos em defesa de uma revolução socialista e pela implantação de um governo operário e camponês, eram entoados gritos contra a "política econômica neoliberal" e a favor do "rompimento imediato com o FMI [Fundo Monetário Internacional]". Atualmente, o Brasil não tem acordo com o Fundo. Alguns dos coros provocaram risos até entre os organizadores, como "Lula sabia, PT ladrão, rouba do povo pra botar no cuecão" e "Lula, você sabia, Marcos Valério é o seu PC Farias". Ouviu-se também uma nova versão de tema de campanhas petistas passadas: "Olê, olê, olê, olá, fora, Lula". Nas barracas montadas na concentração da marcha, uma camiseta com a estampa de uma estrela vermelha do PT sendo arremessada numa lata de lixo era vendida aos montes por R$ 12. Logo no início da caminhada, líderes de PSTU e PSOL demonstravam algumas preocupações. Primeiro, para não "contaminar" o protesto esquerdista, pediram que os punks abandonassem a linha de frente da caminhada e que os caminhões de som de Prona e PDT ficassem desligados. Depois, passaram a ironizar o protesto de anteontem, chamado por eles de "farsa lulista e governista". Além de estudantes e sindicalistas do Distrito Federal, pelo menos 147 ônibus de outros Estados, segundo a PM, engrossaram o ato. Assim como anteontem, a manifestação de ontem foi pacífica. Em frente ao Congresso, alguns punks tentaram irritar os cerca de 200 policiais que protegiam a Casa. Dentro do espelho d'água, eles conseguiram molhar alguns PMs, que não reagiram. No início da tarde, o encerramento da manifestação serviu de palanque para líderes sindicais e partidários. Os presidentes nacionais de PSTU, José Maria de Almeida, e PSOL, senadora Heloísa Helena (AL), também falaram. Os dois, aliás, negociam nos bastidores a formação de uma chapa PSOL-PSTU (ou seja, Heloísa Helena-Zé Maria) para as eleições de 2006. "PT, PSDB e PFL são todos iguais, farinhas do mesmo saco. Hoje ver essa oposição de mentirinha é como se os 40 ladrões fossem julgar o Ali-Babá, com todo o respeito ao Ali-Babá", afirmou o presidente nacional do PSTU. Sem esquerda Em meio ao ato, um trio de adolescentes enxergava uma projeção política bem diferente dos demais. Em 2006, elas pretendem dar seus primeiros votos a José Serra (PSDB). Com os rostos pintados com listras verde e amarela, Renata Lys, 16, Gabriele Hekli, 15, e Camila Sampaio, 15, não pouparam críticas à gestão de Lula, mas, em 2006, não querem nem falar na possibilidade de o Brasil "dar uma guinada mais à esquerda". "Sou favorável ao impeachment. Para mim, o Severino Cavalcanti tem todas as condições de conduzir o Brasil até as próximas eleições", disse Renata, matriculada, como as amigas, no segundo ano do ensino médio em uma instituição privada do DF. Texto Anterior: Janio de Freitas: As distorções interessadas Próximo Texto: Força Sindical faz protesto sem dizer "fora, Lula" Índice |
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