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Berzoini insinua que pode desistir de comandar o PT
Petistas ouvidos pela Folha acreditam que é jogo de cena do presidente do partido
Petistas farão Congresso
Nacional e decidirão sobre
eleição à presidência da
sigla; Olívio Dutra, cotado,
também resiste a concorrer
FÁBIO ZANINI
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
O presidente nacional do PT,
Ricardo Berzoini, afirmou que
deverá desistir de disputar
mais um mandato à frente do
partido, na eleição interna que
deve ocorrer no final do ano.
"É mais provável que não
[concorra à presidência do PT].
Essa é uma decisão de caráter
pessoal", disse Berzoini à Folha. Ele não quis detalhar as razões para a possível decisão. "É
fruto de uma avaliação pessoal", limitou-se a repetir.
Petistas ouvidos pela Folha
acreditam, no entanto, que a
frase de Berzoini é jogo de cena, uma vez que ele vem dando
sinais cada vez maiores de apetite por mais um mandato.
A avaliação corrente no partido é de que Berzoini será candidato e favorito para vencer,
ainda mais porque seu único
adversário potencial de peso, o
ex-governador gaúcho e ex-ministro Olívio Dutra, vem resistindo a concorrer. Olívio, no
entanto, deixou uma porta
aberta: "Vou ainda avaliar politicamente com a base".
O aparente desânimo do presidente do PT pode ter relação
com o escândalo do dossiê, no
final do ano passado. Berzoini,
até então com domínio completo sobre a máquina do partido, foi atingido em cheio pela
tentativa de compra de uma
documentação contrária a lideranças tucanas, que teve a participação de pessoas diretamente subordinadas a ele.
Ele se afastou da presidência
do PT e conseguiu voltar, mas
perdeu muito do prestígio político e da influência. Nos últimos meses, no entanto, Berzoini vem buscando ressurgir como um interlocutor do partido
junto ao governo.
A data exata do PED (Processo de Eleição Direta), em que
os filiados do partido escolherão o novo presidente do partido, será definida pelo 3º Congresso do partido, no final do
mês. Em tese, Berzoini teria
mandato até setembro do próximo ano, mas há consenso geral de que seria muito ruim ter
uma eleição interna no auge da
campanha municipal.
A probabilidade maior é o
PED seja antecipado para novembro, com o segundo turno
pouco antes do Natal.
O que pode empurrar Berzoini para uma nova disputa
interna no partido é a falta de
uma alternativa clara para sua
corrente, a Construindo um
Novo Brasil (CNB, ex-Campo
Majoritário).
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