São Paulo, sábado, 18 de agosto de 2007

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Berzoini insinua que pode desistir de comandar o PT

Petistas ouvidos pela Folha acreditam que é jogo de cena do presidente do partido

Petistas farão Congresso Nacional e decidirão sobre eleição à presidência da sigla; Olívio Dutra, cotado, também resiste a concorrer

FÁBIO ZANINI
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

O presidente nacional do PT, Ricardo Berzoini, afirmou que deverá desistir de disputar mais um mandato à frente do partido, na eleição interna que deve ocorrer no final do ano.
"É mais provável que não [concorra à presidência do PT]. Essa é uma decisão de caráter pessoal", disse Berzoini à Folha. Ele não quis detalhar as razões para a possível decisão. "É fruto de uma avaliação pessoal", limitou-se a repetir.
Petistas ouvidos pela Folha acreditam, no entanto, que a frase de Berzoini é jogo de cena, uma vez que ele vem dando sinais cada vez maiores de apetite por mais um mandato.
A avaliação corrente no partido é de que Berzoini será candidato e favorito para vencer, ainda mais porque seu único adversário potencial de peso, o ex-governador gaúcho e ex-ministro Olívio Dutra, vem resistindo a concorrer. Olívio, no entanto, deixou uma porta aberta: "Vou ainda avaliar politicamente com a base".
O aparente desânimo do presidente do PT pode ter relação com o escândalo do dossiê, no final do ano passado. Berzoini, até então com domínio completo sobre a máquina do partido, foi atingido em cheio pela tentativa de compra de uma documentação contrária a lideranças tucanas, que teve a participação de pessoas diretamente subordinadas a ele.
Ele se afastou da presidência do PT e conseguiu voltar, mas perdeu muito do prestígio político e da influência. Nos últimos meses, no entanto, Berzoini vem buscando ressurgir como um interlocutor do partido junto ao governo.
A data exata do PED (Processo de Eleição Direta), em que os filiados do partido escolherão o novo presidente do partido, será definida pelo 3º Congresso do partido, no final do mês. Em tese, Berzoini teria mandato até setembro do próximo ano, mas há consenso geral de que seria muito ruim ter uma eleição interna no auge da campanha municipal.
A probabilidade maior é o PED seja antecipado para novembro, com o segundo turno pouco antes do Natal.
O que pode empurrar Berzoini para uma nova disputa interna no partido é a falta de uma alternativa clara para sua corrente, a Construindo um Novo Brasil (CNB, ex-Campo Majoritário).


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