Apesar de declarar falta de interesse, brasileiro vai ver horário gratuito e pode mudar seu voto, apura pesquisa nacional

da Reportagem Local

Mesmo a contragosto, grande parte do eleitorado planeja assistir ao horário eleitoral gratuito que começa hoje no rádio e na TV, segundo pesquisa nacional Datafolha. Os programas devem influir na opção dos eleitores.
A maioria do eleitorado (51%) diz não ter nenhum interesse pelo horário eleitoral, mas 57% afirmam que pretendem assisti-lo, e 56% acham que os programas têm algum grau de importância na hora de decidir seu voto em um presidenciável.
O quadro é semelhante nas eleições para os outros cargos que estarão em disputa em 4 de outubro: 49% dizem não ter nenhum interesse no horário dos candidatos a governador, 54% e 53% dão a mesma resposta quando a pergunta se refere aos programas de candidatos a senador e a deputado federal, respectivamente.
O grau de interesse pelo horário eleitoral varia em função das características do eleitor, principalmente idade, local onde mora, grau de instrução e preferência partidária.
No caso dos programas dos presidenciáveis, mais eleitores idosos do que jovens têm muito interesse pelo horário eleitoral: 21% dos que têm 60 anos ou mais, contra 15% dos que têm de 16 a 24 anos de idade. A mesma proporção se repete nas demais eleições.
Os eleitorados do Norte, Centro-Oeste e Nordeste são os mais interessados no horário gratuito. Nos Estados mais pobres, 22% acham muito interessante ver os programas dos presidenciáveis, contra 15% na média dos mais desenvolvidos.
Os moradores das cidades menores têm a mesma avaliação: 22% nos municípios até 10 mil eleitores se dizem muito interessados, contra 16% nas cidades com mais de 150 mil eleitores.
Entre os que têm nível superior, 23% se dizem muito interessados, contra 16% daqueles que só estudaram até o 2º grau. Entre os que têm preferência partidária, os pefelistas são os mais interessados, e os pedetistas, os menos.
Os candidatos a presidente e os responsáveis por seus programas eleitorais terão mais dificuldade para atrair a atenção justamente dos eleitores mais "estratégicos" no estágio atual da campanha.
Indecisos e volúveis (eleitores que têm candidato, mas admitem mudar o voto) estão entre os que menos interesse demonstram pelo horário gratuito: 54% estão completamente desinteressados.
Mesmo assim, 56% desses dois tipos de eleitor dizem ter intenção de assistir aos programas, e 34%, em ambos os casos, afirmam que o horário eleitoral será muito importante para decidir seus votos para presidente e governador.
Se atrair o eleitor já não será fácil para os candidatos a cargos executivos, a missão será ainda mais difícil para os candidatos ao Senado e à Câmara dos Deputados.
Menos eleitores dizem que os programas desses candidatos serão muito importantes na definição de seus votos: 29% no caso dos senadores, e 30% no dos deputados, contra 33% nas eleições para presidente e governador.
Soma-se a isso outra dificuldade: eles terão um tempo menor de exposição no vídeo e, na maioria dos casos, estarão competindo com um número maior de candidatos -o que tende a confundir o eleitor. (JOSÉ ROBERTO DE TOLEDO)


Texto Anterior | Próximo Texto | Índice