São Paulo, terça, 18 de agosto de 1998

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SUCESSÃO PRESIDENCIAL

O petista se queixa ao presidente do TSE da forma como os meios de comunicação tratam os candidatos


Lula Marques/Folha Imagem
O presidente do TSE, Ilmar Galvão, conversa com o candidato petista Lula durante encontro na sede do tribunal em Brasília


Lula pede controle da Justiça na mídia

da Sucursal de Brasília

O candidato do PT à Presidência da República, Luiz Inácio Lula da Silva, entregou ontem ao presidente do TSE (Tribunal Superior Eleitoral), ministro Ilmar Galvão, carta na qual reclama da diferença de espaço dada aos candidatos pelos meios de comunicação.
Segundo levantamento feito pelo partido, do dia 1º ao dia 10 de agosto, os telejornais dedicaram 5min41s do tempo do noticiário a Ciro Gomes, 17min48s a Lula, 45min10s a Fernando Henrique Cardoso e 2h19min5s ao governo.
"Nós entendemos que a Justiça tem de ter um acompanhamento porque a situação é muito grave, para nós é muito delicada. Como disse o José Dirceu (presidente nacional do partido) ontem, o processo democrático corre o risco de ficar conturbado", disse Lula.
O partido entregou a Galvão uma petição com pedido de liminar (decisão provisória) para que o TSE determine que os Tribunais Regionais Eleitorais façam a checagem de eleitores mortos inscritos e de duplicidade de títulos eleitorais emitidos. A iniciativa partiu após publicação de reportagem da Folha mostrando que há mais de 6 milhões de eleitores fantasmas.
"Se nós calcularmos como foi o resultado da eleição de 89, 3 milhões e tantos mil votos de diferença entre Lula e Collor, e calcularmos por que não houve segundo turno em 94, nós vamos ver que 6 milhões de eleitores podem mudar totalmente o resultado da eleição", disse José Dirceu.
Na carta a Galvão, Lula também se refere a reportagens sobre acusações de irregularidades na venda de um Omega que pertencia a ele e à compra de um apartamento.
"O caráter unilateral, insidioso e difamatório de matérias surgidas na imprensa escrita, rádio e TV nos últimos dias dificilmente poderá ser neutralizado através dos instrumentos judiciais correntes", disse Lula em sua carta.
O partido protocolou no TSE três pedidos de resposta na Rede Bandeirantes pelas três reportagens que a emissora veiculou sobre o assunto. O ministro Garcia Vieira é o relator do caso.
O PT também processará a Bandeirantes cível e criminalmente. Entrará na Justiça com uma ação de reparação de danos morais e uma por crime contra a honra.
"Não vamos tolerar o que estão fazendo com Lula", disse José Dirceu. O presidente do partido disse que não irá distribuir para a imprensa os documentos que provam a lisura da operação de venda do Omega de Lula, porque "o ônus da prova tem de ser de quem acusa, não de quem é acusado". Conforme documentação do Detran, Lula vendeu seu carro para a concessionária Baralt, segunda maior financiadora de sua campanha do PT em 94 (ver texto abaixo). Lula disse que a venda foi para seu compadre Roberto Teixeira, o que explicaria o depósito de um cheque de R$ 10 mil em sua conta.
Durante a entrevista, Dirceu disse que o partido estava "esperando a Folha retificar o que publicou", antes de pedir direito de resposta ao jornal. "Vamos esperar até amanhã (hoje) porque o Detran está dizendo que vai fornecer uma certidão. Na hora que o Detran fornecer a certidão, vamos ver se ela se digna a retificar. Do contrário, nós também vamos pedir direito de resposta", declarou.
Depois, Dirceu disse que o partido não irá processar a Folha. "Achamos que ela agiu de boa-fé. Ela foi ao Detran e encontrou um resultado. Nós estamos esperando a certidão do Detran. Só lamentamos que a Folha, depois que mostramos onde está o erro do Detran, não tenha reconhecido e tenha insistido na versão dela."



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