São Paulo, terça, 18 de agosto de 1998

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Sistema do Detran é impreciso


da Reportagem Local

A Folha esteve ontem no Detran-SP e obteve novos extratos relativos ao Omega de placa BOT-5353, que pertenceu a Luiz Inácio Lula da Silva.
Usando tanto o número da placa quanto o do chassis do carro, o conteúdo dos extratos foi o mesmo do obtido na sexta-feira da semana passada.
Os dados serviram de base para reportagem publicada no sábado, que apresentava registros indicando que Lula teria vendido o carro para a revendedora Baralt Comércio de Veículos. A empresa foi a segunda maior financiadora da campanha de Lula em 94.
Assessores da diretoria do Detran-SP se mostraram surpresos com uma incongruência constante dos extratos: eles apresentavam dois registros do carro zero quilômetro, sendo um em nome de Lula e outro em nome da Baralt.
Os funcionários do Detran-SP só conseguiram constatar os equívocos graças à verificação, de forma individualizada, dos registros originais das transferências de propriedade do carro.
Isso significa que o órgão não consegue emitir um extrato único com a sequência completa das transferências.
A sequência correta, no entender dos funcionários do Detran, deveria ser: a Baralt vende para Lula, que vende para a Express Factoring, que vende para Janett Neme Avila Correia.
No documento obtido pela Folha na sexta-feira, a sequencia de venda era outra: Lula vende para a Baralt, que revende para Lula e este repassa o carro para a Express, que, por sua vez, o revende para Janett Correia.
Na avaliação dos funcionários do Detran, a incongruência nos extratos demonstra que o sistema de pesquisa eletrônica do órgão não oferece confiabilidade.
Nos próximos dias, o Detran deverá apresentar um rastreamento definitivo do Omega que pertenceu a Lula. O dinheiro obtido com a venda do carro, que Lula diz ter vendido por R$ 40 mil a Roberto Teixeira, seu amigo, teria sido usado na compra de um apartamento do candidato do PT.
O advogado Milton Abreu Machado, da Express Factoring, de Ribeirão Preto, afirmou ontem que pagou em um único cheque, de R$ 37 mil, em janeiro de 96, o carro Omega que foi de Lula.
Machado disse ontem que a compra do veículo foi legalizada no dia 11 de janeiro de 96, no 2º Cartório de Notas de São Paulo.
De acordo com o documento, o carro havia sido comprado por Lula pela concessionária Baralt, de São Bernardo do Campo, cuja transferência para o nome do petista foi feita em 17 de abril de 95.
O carro foi comprado de uma revendedora de São Paulo que Machado disse não se lembrar do nome ou do endereço. O advogado disse que pegou o endereço em um anúncio de jornal.



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