São Paulo, Quarta-feira, 18 de Agosto de 1999
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MÍDIA
No mesmo período, crescimento populacional atingiu apenas 8%, diz publicitário em congresso no Rio
Venda de jornais cresce 33% em 5 anos

do enviado especial ao Rio

A circulação dos jornais diários cresceu 33% entre 1993 e 1997. O percentual foi divulgado ontem, no Rio, pelo publicitário Julio Ribeiro, presidente da Talent Comunicação, e toma por base levantamento do IVC (Instituto de Verificação de Circulação).
O aumento registrado na circulação paga diária, de 2,7 milhões para 3,6 milhões de exemplares, é bem superior ao crescimento demográfico no mesmo período, que ficou em 8%.
Ribeiro foi um dos convidados da ANJ (Associação Brasileira de Jornais), que ontem encerrou dois dias de trabalhos do Congresso Brasileiro de Jornais. Ele participou do painel sobre o aumento da rentabilidade da mídia, presidido por Francisco Mesquita Neto, de "O Estado de S. Paulo".
O fato de os jornais venderem mais, argumentou Ribeiro, deve-se certamente ao fato de terem se tornado mais competitivos e interessantes para o leitor.
Essa tendência é inversa à registrada nos EUA, de acordo com outro palestrante, Edward Graves, da NAA (Associação Americana de Jornais). Ele disse que, nos últimos dez anos, a circulação dos jornais nos EUA caiu em média 1% ao ano. Aquele país, afirmou, tem 1.489 jornais diários.
Conseguem crescer e resistem à tendência de queda os diários que trazem enfoques mais criativos e têm equipes mais coesas.
Outro debate, sobre a circulação paga dos jornais na estratégia das empresas jornalísticas, foi presidido por Luís Frias, presidente da Empresa Folha da Manhã S.A., que edita a Folha.
Em breve intervenção, ele alertou para dispositivo do projeto do Executivo, encaminhado ao Congresso, sobre o Sistema Nacional dos Correios. O texto, em sua versão inicial ainda não modificada, na prática concebe a distribuição de jornais e revistas como atividade postal, sujeita a registro e controle dos poderes públicos.
"É uma extraordinária ameaça à liberdade de imprensa, ou então uma piada de mau gosto", afirmou Luís Frias.
O encontro também discutiu convergências e divergências entre os jornais e seus leitores. Um exemplo: uma criança morre afogada, e seus pais pedem que o jornal da cidade não publique a notícia, já que ela configuraria -argumentam- uma invasão de privacidade. O episódio é fictício, mas constou de pesquisa submetida a jornalistas e a leitores.
Por expressiva maioria, os jornalistas disseram que em tal circunstância publicariam a reportagem do afogamento, enquanto os leitores, também de forma esmagadora, disseram que respeitariam o pedido da família.
O episódio foi relatado por William Corbin, do jornal norte-americano "The Daily Press", do Estado de Virgínia (EUA). Corbin constatou haver um descompasso entre jornalistas e seu público.
O último dos debates, com mesa presidida por João Roberto Marinho, das Organizações Globo, discutiu maneiras de atender às necessidades dos leitores. O grande perigo para o jornalista é "a sua própria arrogância", afirmou Merval Pereira, diretor de jornalismo de "O Globo".


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