São Paulo, quarta-feira, 18 de setembro de 2002

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NO AR

Ataque e contra-ataque

NELSON DE SÁ
EDITOR DA ILUSTRADA

O experiente Alexandre Garcia notou que "todos os partidos esperavam estagnação do petista, mas não é o que vem acontecendo".
Lula está envolto em "teflon", para usar uma velha expressão que descreve o candidato alvo de várias denúncias que não "colam".
Depois do espetáculo todo que foi Bangu 1, o Jornal Nacional anunciou ontem que o petista ainda avançou dois pontos "a 19 dias da eleição".
José Serra, do lado contrário, parece envolto em chumbo. Ele ficou "estável".
 
Há incontáveis eleições que se buscava um papel para a web. Ele foi encontrado nos sites dos candidatos. É por eles que as "salas de guerra" falam umas às outras -e aos jornalistas. E é assim que Nizan Guanaes saiu avisando, ontem:
- Agora me sinto à vontade para contra-atacar.
A campanha se declarou livre para atingir Lula, porque foi um procurador dito "petista" quem começou.
Na propaganda tucana, José Dirceu já surgiu conclamando a "bater neles nas ruas". A cena foi usada antes para incriminar petistas em agressões a Mário Covas. Quase deu certo então; tentam de novo.
E não parou aí. Escancarou-se desde a falta de preparo de Lula até, num eco do esforço anterior contra Ciro Gomes, a suposta mentira do candidato petista ao dizer que não prometeu milhões de empregos.
Lula responde pelas beiradas, ele que não admite ter inspirado o procurador contra Serra, mas já defende, pelos telejornais, a investigação.
Deve ter ouvido em casa, pois Duda Mendonça não se cansa de dizer que, se "bater", Lula perde. O risco é cair no equívoco de Ciro, que reagiu ao tucano nos telejornais -acreditando que evitar confronto no horário eleitoral já era o bastante para parecer bom moço.
E na verdade a propaganda petista também vem arriscando escorregar para o conflito direto. No rádio, uma voz em off imita Silvio Santos:
- Vai começar o Show dos Oito Milhões... Onde já se viu? Oito milhões?
 
Como se não bastasse a carga tucana, o PT não consegue mais esconder um conflito interno. José Dirceu, ontem outra vez, monopolizou a propaganda de deputado federal.
Lula quer fazer dele, de todo jeito, o mais votado. Mas o PT tem ou tinha outro favorito na área, José Eduardo Cardozo. Ontem na Jovem Pan, "petistas" espalhavam que Cardozo deve sair do partido.
É o mesmo processo por que passaram, antes dele, Suplicy, Cristovam Buarque e até Tarso Genro. O PT tem dono.


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