São Paulo, quarta-feira, 18 de setembro de 2002

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SÃO PAULO

Para PSDB e cientistas políticos, discurso mais duro na segurança e campanha com caráter "empreendedor" ajudaram tucano

Obra e combate ao crime alavancam Alckmin

JOSÉ ALBERTO BOMBIG
JOÃO CARLOS SILVA
DA REPORTAGEM LOCAL

Empolgado com a ascensão do governador Geraldo Alckmin (PSDB) nas pesquisas de intenção de voto, o comando da campanha tucana em São Paulo pretende enfatizar o aspecto conservador do discurso do candidato.
A coligação São Paulo em Boas Mãos (PSDB, PFL e PSC) credita o crescimento de Alckmin ao endurecimento de seu discurso na área da segurança pública e ao caráter "empreendedor" da campanha, bandeiras históricas de seu maior rival, o pepebista Paulo Maluf.
A análise, em parte, é corroborada por cientistas políticos ouvidos pela Folha. Para eles, o fato de Alckmin e o candidato do PT, José Genoino, terem eleito a segurança como um dos focos da campanha pulverizou os votos que inicialmente eram de Maluf, o primeiro a priorizar o tema na disputa.
Na última pesquisa do Ibope, divulgada anteontem, o tucano aparece com 29%, contra 28% do pepebista. Genoino está com 19%, também em ascensão.
No levantamento anterior do instituto, Alckmin aparecia com 26%, e Genoino, com 16%.
"[Maluf" Deixou de ser o dono do tema segurança. Quando todos os candidatos estão falando sobre isso, as pesquisas voltam aos seus patamares", diz Maria Victoria Benevides, da USP.
A análise é semelhante à feita pelo filósofo Roberto Romano, professor do Departamento de Filosofia Política da Unicamp, que vê na desativação do complexo presidiário do Carandiru no último domingo um "trunfo forte" da campanha de Alckmin na disputa por votos com Maluf.
Com essa ênfase dos aspectos conservadores, a idéia dos tucanos é atrair eleitores do pepebista e se antecipar a uma possível polarização com Genoino. A campanha do governador já trabalha com a possibilidade de disputar o segundo turno contra o PT.
"O governador tem atitudes muito firmes na questão da segurança pública. É isso que estamos mostrando nos programas", disse Luiz Gonzales, marqueteiro da campanha tucana em São Paulo.
Nesta semana, novos outdoors de Alckmin foram instalados na capital, nos quais a idéia é associar o tucano a um "tocador de obras", como a nova pista da Imigrantes e o Rodoanel Mário Covas.
No quesito segurança, o tucano irá explorar o que chama de vitória do governo contra a onda de rebeliões em presídios que assolou o Estado no início do ano passado, lideradas pelo PCC.
O objetivo é fazer um contraponto com o governo do PT no Rio de Janeiro, onde a governadora Benedita da Silva sofreu desgaste com a rebelião do presídio de Bangu 1, na semana passada.
Maluf disse ontem que nada deve mudar em sua campanha. Ele tem afirmado que pretende construir presídios federais na Amazônia, para onde pretende mandar criminosos perigosos.

Cautela
Sobre o seu crescimento, Alckmin adotou tom cauteloso ontem. "A pesquisa retrata o esforço que nós estamos fazendo no governo" disse. Ele descartou a intensificação dos ataques aos adversários, mas disse aprovar as críticas do candidato tucano à Presidência, José Serra, ao PT, levadas ao ar ontem. "Não há nada de mentiroso nisso [os ataques]." Mas o governador afirmou que tentará manter um tom "propositivo".
Já Maluf disse que, na média dos institutos, ainda lidera e que estará no segundo turno. À noite, lançou o seu programa de educação.


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