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SÃO PAULO
Para PSDB e cientistas políticos, discurso mais duro na segurança e campanha com caráter "empreendedor" ajudaram tucano
Obra e combate ao crime alavancam Alckmin
JOSÉ ALBERTO BOMBIG
JOÃO CARLOS SILVA
DA REPORTAGEM LOCAL
Empolgado com a ascensão do
governador Geraldo Alckmin
(PSDB) nas pesquisas de intenção
de voto, o comando da campanha
tucana em São Paulo pretende enfatizar o aspecto conservador do
discurso do candidato.
A coligação São Paulo em Boas
Mãos (PSDB, PFL e PSC) credita o
crescimento de Alckmin ao endurecimento de seu discurso na área
da segurança pública e ao caráter
"empreendedor" da campanha,
bandeiras históricas de seu maior
rival, o pepebista Paulo Maluf.
A análise, em parte, é corroborada por cientistas políticos ouvidos pela Folha. Para eles, o fato de
Alckmin e o candidato do PT, José
Genoino, terem eleito a segurança
como um dos focos da campanha
pulverizou os votos que inicialmente eram de Maluf, o primeiro
a priorizar o tema na disputa.
Na última pesquisa do Ibope,
divulgada anteontem, o tucano
aparece com 29%, contra 28% do
pepebista. Genoino está com 19%,
também em ascensão.
No levantamento anterior do
instituto, Alckmin aparecia com
26%, e Genoino, com 16%.
"[Maluf" Deixou de ser o dono
do tema segurança. Quando todos os candidatos estão falando
sobre isso, as pesquisas voltam
aos seus patamares", diz Maria
Victoria Benevides, da USP.
A análise é semelhante à feita
pelo filósofo Roberto Romano,
professor do Departamento de Filosofia Política da Unicamp, que
vê na desativação do complexo
presidiário do Carandiru no último domingo um "trunfo forte"
da campanha de Alckmin na disputa por votos com Maluf.
Com essa ênfase dos aspectos
conservadores, a idéia dos tucanos é atrair eleitores do pepebista
e se antecipar a uma possível polarização com Genoino. A campanha do governador já trabalha
com a possibilidade de disputar o
segundo turno contra o PT.
"O governador tem atitudes
muito firmes na questão da segurança pública. É isso que estamos
mostrando nos programas", disse
Luiz Gonzales, marqueteiro da
campanha tucana em São Paulo.
Nesta semana, novos outdoors
de Alckmin foram instalados na
capital, nos quais a idéia é associar
o tucano a um "tocador de obras",
como a nova pista da Imigrantes e
o Rodoanel Mário Covas.
No quesito segurança, o tucano
irá explorar o que chama de vitória do governo contra a onda de
rebeliões em presídios que assolou o Estado no início do ano passado, lideradas pelo PCC.
O objetivo é fazer um contraponto com o governo do PT no
Rio de Janeiro, onde a governadora Benedita da Silva sofreu desgaste com a rebelião do presídio
de Bangu 1, na semana passada.
Maluf disse ontem que nada deve mudar em sua campanha. Ele
tem afirmado que pretende construir presídios federais na Amazônia, para onde pretende mandar criminosos perigosos.
Cautela
Sobre o seu crescimento, Alckmin adotou tom cauteloso ontem.
"A pesquisa retrata o esforço que
nós estamos fazendo no governo"
disse. Ele descartou a intensificação dos ataques aos adversários,
mas disse aprovar as críticas do
candidato tucano à Presidência,
José Serra, ao PT, levadas ao ar
ontem. "Não há nada de mentiroso nisso [os ataques]." Mas o governador afirmou que tentará
manter um tom "propositivo".
Já Maluf disse que, na média dos
institutos, ainda lidera e que estará no segundo turno. À noite, lançou o seu programa de educação.
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