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RIO
Supostos cabos eleitorais trocavam propaganda de pedetista pela de petebista
Candidato é morto ao tentar evitar a retirada de cartazes
MURILO FIUZA DE MELO
DA SUCURSAL DO RIO
O advogado e candidato a deputado federal Luiz Fernando Petra
Lopes de Carvalho (PDT), 36, foi
assassinado a tiros na madrugada
de ontem quando tentava evitar a
retirada de seus cartazes de campanha de postes na Barra da Tijuca (zona oeste do Rio).
A polícia acusa cabos eleitorais
que estariam a serviço do candidato a deputado estadual Evaristo
de Carvalho (PTB). O PDT e o
PTB integram a Frente Trabalhista, que apóia a candidatura de Ciro Gomes (PPS) à Presidência.
O candidato do PTB disse estar
"chocado" com o crime e que está
"à disposição" da polícia. "Vou
fazer tudo para facilitar as investigações, até porque não gostaria
que isso tivesse acontecido comigo", afirmou ele, que ontem fazia
campanha no interior do Estado.
Em entrevista à Folha, Carvalho
primeiro disse que não fazia campanha na Barra da Tijuca. Depois,
afirmou que faz campanha "em
todo o Rio de Janeiro".
Ele disse que fez 25 milhões de
cartazes e que contratou 68 pessoas para instalá-los nas ruas.
Carvalho não revelou quanto pagou pelo serviço.
O crime
Petra voltava de uma festa na casa do jogador de futebol Bebeto
(que jogou na seleção brasileira),
acompanhado da mulher, um sobrinho e uma amiga, quando viu
três homens trocando seus cartazes pelos de Carvalho, em frente
ao condomínio Interlagos de
Itaúna, na Barra, onde morava.
Segundo o frentista Elivan Matos de Araújo, que trabalha em
um posto de gasolina próximo ao
local do crime, o pedetista discutiu com os supostos cabos eleitorais e, em seguida, foi atingido por
ao menos sete tiros de pistola. Os
três homens fugiram em uma
Kombi. O crime ocorreu por volta
de 1h. Na fuga, foram deixados
cartazes de Carvalho no chão.
O delegado José Renato Torres,
da 16ª DP (Delegacia de Polícia),
na Barra da Tijuca, afirmou que
intimará o candidato para que revele os nomes das pessoas. "Queremos que ele venha depor amanhã", afirmou.
O presidente regional do PTB,
deputado federal Roberto Jefferson, disse que Carvalho é um "homem honrado" e que o crime foi
uma "tragédia". "Não sei por que
o Petra, nosso companheiro de
Frente, foi discutir com esse pessoal. Em toda eleição ocorre uma
briga com colocadores de galhardetes [cartazes]", afirmou.
O vice-presidente nacional do
PDT e candidato ao Senado pelo
Rio, Carlos Lupi, também lamentou a morte do candidato. "O
PDT está chocado. Infelizmente, a
política hoje se resume a candidatos abatidos a bala por motivos
banais, a fraudes e a pesquisas
manipuladas", disse Lupi.
O corpo de Luiz Fernando Petra
foi enterrado no fim da tarde de
ontem no cemitério São João Batista (zona sul do Rio).
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