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São Paulo, quinta-feira, 18 de dezembro de 2003

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Oposição imita PT e tenta aprovar CPI para investigar caso no Senado

OTÁVIO CABRAL
DO PAINEL, EM BRASÍLIA

O bloco de oposição no Senado, aproveitando a dimensão política que ganhou a investigação do assassinato do prefeito Celso Daniel (PT), tentará apresentar hoje no plenário um pedido de abertura de CPI do caso Santo André.
Para a CPI ser instalada, são necessárias as assinaturas de 27 senadores (um terço dos 81 ocupantes do Senado). Até o fechamento desta edição, já havia o apoio de 25. Na noite de ontem, líderes do PSDB e do PFL fariam pressão para conseguir os dois apoios que faltavam.
A estratégia da atual oposição é a mesma que o PT utilizou nos oito anos de mandato de Fernando Henrique. A qualquer suspeita levantada contra membros do governo federal ou do PSDB, o PT começava a coletar assinaturas para uma CPI. Embora nunca tenha havido resultado prático nas investigações, os petistas desgastavam politicamente o Planalto, como tucanos e pefelistas querem fazer agora com Lula.
Os principais idealizadores da CPI são os líderes do PSDB, Arthur Virgílio (AM), e do PFL, José Agripino (RN). A Folha apurou que eles tinham dois alvos ontem para conseguir os apoios restantes. O principal eram dois senadores do PDT, partido que já rompeu com o governo Lula. Dos três nomes da bancada, apenas Almeida Lima (SE) já havia assinado o pedido.
O outro alvo é o PFL, que está dividido em uma ala majoritária que se opõe ao governo e outra que apóia Lula, comandada por Antonio Carlos Magalhães (BA) e Roseana Sarney (MA). Até ontem, dez pefelistas apoiavam a CPI e oito eram contra. Agripino tentava convencer um dos contrários a mudar de opinião.
Além dos dez pefelistas e do pedetista, assinaram a CPI os 11 senadores da bancada do PSDB, dois peemedebistas e Heloísa Helena (AL), que está sem partido desde domingo, quando foi expulsa do PT.
Esse pedido de investigação foi elaborado por Virgílio logo no início do ano. Como não conseguiu as adesões necessárias, ele o engavetou, mas decidiu retomá-lo após a prisão do empresário Sérgio Gomes da Silva.
Se não conseguir apresentar o requerimento hoje, a oposição trocará o texto por um mais abrangente, com o objetivo de apurar uma eventual ligação do juiz João Carlos da Rocha Mattos, preso na Operação Anaconda, com o caso Santo André. A avaliação é que, assim, seria possível obter mais de 30 assinaturas e incomodar o governo com a CPI.
Os líderes do governo no Senado só foram alertados ontem para a mobilização da oposição para abrir a CPI. Para os líderes, é possível reverter três apoios e impedir novas assinaturas.


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