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Juíza manda afastar delegado e agente federal
DA REPORTAGEM LOCAL
A Justiça Federal determinou
ontem o afastamento de suas funções do delegado da Polícia Federal Alexandre Morato Crenitte e
do agente César Herman Rodriguez e autorizou a quebra do sigilo bancário da dupla.
Eles são acusados pelo Ministério Público Federal de beneficiar o
empresário Ari Natalino da Silva,
dono da distribuidora Petroforte
acusado de fraudar combustíveis.
Crenitte deixou as investigações
sobre a Petroforte em março, foi
transferido para a Corregedoria
da PF em São Paulo, órgão encarregado de apurar irregularidades,
e em setembro teve a sua prisão
temporária decretada; desde então, está de licença.
Rodriguez trabalhava no Fórum
Criminal Federal com o juiz João
Carlos da Rocha Mattos e está
preso desde o dia 30 de outubro
pela Operação Anaconda sob
acusação de integrar uma quadrilha que vendia sentenças, segundo a Polícia Federal.
A juíza Tânia Regina Marangoni Zauhy, da 16ª Vara Federal Cível, acatou um pedido de liminar
do Ministério Público Federal que
estabelece o afastamento do cargo
do delegado e do agente e a responsabilização dos dois por atos
de improbidade administrativa.
A Justiça também determinou a
quebra de sigilo do dono da Petroforte, de sua mulher, Débora
Aparecida da Silva, e do advogado
Wellington Carlos de Campos.
Sigilo revelado
Gravações feitas em fevereiro e
março deste ano mostram que
Natalino da Silva e Débora ofereceram R$ 500 mil ao delegado
Crenitte pelo "trabalho".
O "trabalho" seria manter o empresário internado no Hospital
Albert Einstein, em São Paulo,
quando fosse cumprido o mandado de prisão contra ele, o que de
fato ocorreu em fevereiro. O empresário tem leucemia.
Crenitte também revelou ao advogado de Natalino da Silva o teor
de mandado de busca e apreensão
na casa de Maria Aparecida Tessuto, ex-mulher do empresário.
Os promotores dizem que o conhecimento do mandado permitiu a retirada de documentos importantes da casa.
Crenitte também teria revelado
ao advogado do empresário, em
março deste ano, informações sigilosas sobre a investigação que o
Ministério Público Federal e a PF
realizavam sobre a Barcelona
Tour, casa de câmbio de Antonio
Oliveira Claramunt acusada de lavagem de dinheiro.
Rodriguez, segundo as gravações, agiu como intermediário
para que a ordem de prisão de
Maria Aparecida fosse enviada
por fax ao advogado do empresário. Crenitte é acusado de atrasar
o cumprimento de mandado da
Justiça Federal contra Natalino da
Silva, o que teria facilitado a sua
fuga. Maria Aparecida está presa.
O advogado de Rodriguez, Hermínio Alberto Marques Porto Jr.,
não quis comentar a decisão por
desconhecer a ação.
Em um inquérito feito pela PF, o
agente declarou em setembro que
o advogado de Natalino da Silva
procurou-o porque o empresário
sabia da possibilidade de ser preso e queria entrar em contato com
o procurador e o juiz do caso para
expor seu problema de saúde.
Rodriguez disse ter atendido o
advogado porque houve um pedido de Cícero Viana, dono de uma
rede de revenda da Chevrolet, a
Itororó, e sócio do agente na
construção de um prédio na avenida Angélica, em São Paulo.
A reportagem da Folha tentou
falar com Crenitte em Santos, onde ele mora, mas foi informada
que ele voltaria apenas hoje.
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