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JUSTIÇA
Ex-senador é acusado de remessas ilegais de cerca de US$ 20 milhões ao exterior; pena será em regime semi-aberto
Estevão é condenado a oito anos de prisão
SILVANA DE FREITAS
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
O empresário e ex-senador Luiz
Estevão foi condenado pela 12ª
Vara da Justiça Federal em Brasília a oito anos de prisão, em regime semi-aberto, em processo no
qual é acusado de remessa ilegal
de quase US$ 20 milhões para o
exterior e manutenção de depósitos fora do país entre 1992 e 2001.
Na sentença, o juiz Marcus Vinicius Reis Bastos diz que ele tem
"péssimos antecedentes" e, por
essa razão, não reconhece o direito de ele transformar a prisão em
pena alternativa, como prestação
de serviços comunitários. O juiz
cita o fato de o ex-senador responder a outros seis processos, o
que o desabonaria.
Estevão disse ontem que só deve
se manifestar quando for informado oficialmente da condenação -algo que não havia ocorrido até o início da noite de ontem,
quando conversou com a Folha.
Sobre os "péssimos antecedentes" apontados pelo juiz em seu
despacho, Estevão repetiu que
desconhecia o texto da decisão.
"Não conheço os termos." Estevão não soube dizer se recorrerá.
A decisão pode ser modificada
nas instâncias judiciais superiores, por meio de recurso. A denúncia, oferecida pelo Ministério
Público Federal em setembro de
2001, também envolve a mulher
do ex-senador, Cleucy Meireles
de Oliveira. Reis Bastos, porém,
considerou que não havia indícios de sua participação.
Segundo o Ministério Público, o
ex-senador manteve depósitos no
exterior entre fevereiro de 1992 e
setembro de 2001 e não informou
isso ao Banco Central e à Receita.
A denúncia descreve uma série
de depósitos e saques em três contas abertas no Delta Bank, em
Miami e nas ilhas Cayman. Conforme os procuradores da República que a elaboraram, as movimentações mais intensas foram
até dezembro de 1996, somando
US$ 17,792 milhões.
Segundo a denúncia, uma das
contas recebera o nome de "James Towers", versão inglesa para
o nome de Jairo Torres, ex-diretor
do Grupo OK, do qual o ex-senador é proprietário. Outra seria
chamada "Leo Green". Nesse caso, os procuradores ligaram o
prenome e as iniciais dele próprio: Luiz Estevão de Oliveira.
No processo, Estevão disse, por
meio de seus advogados, que os
documentos apresentados eram
falsos e negou ter conta no Delta
Bank. Ele confirmou remessas ao
exterior, mas que foram devido a
negócios de suas empresas, como
importação de aviões e peças, e
acrescentou que as movimentações foram registradas no BC.
Ele teve o mandato de senador
cassado em junho de 2000, em
processo disciplinar por quebra
de decoro parlamentar -ficou
preso por 19 horas. Em março de
2001, ele ficou outras 72 horas em
prisão preventiva, no curso do
processo relativo ao desvio de dinheiro público do TRT-SP. Nessa
ação, ele foi absolvido em primeira instância pelo juiz federal Casem Mazloum, hoje sob investigação na Operação Anaconda.
Naquela ocasião, permaneceram presos o juiz aposentado Nicolau dos Santos Neto e os empresários Fábio Monteiro de Barros
Filho e José Eduardo Teixeira Ferraz. Os quatro foram acusados de
estelionato, formação de quadrilha, peculato e corrupção.
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