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DANÇA DOS MINISTROS
Moderados querem manter o petista na Previdência
PT tenta salvar Berzoini; reforma deve sair até 4ª
KENNEDY ALENCAR
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
Numa articulação de última hora, petistas da ala moderada do
partido e membros do governo
tentam manter Ricardo Berzoini
na Previdência na reforma ministerial que o presidente Luiz Inácio
Lula da Silva fará nesta semana. É
uma operação difícil -a vaga de
Berzoini está na negociação para
dar ao PMDB duas pastas.
Depois de refletir no final de semana, em São Bernardo do Campo, Lula dedicará a agenda de hoje
e de amanhã aos ministros que
sairão e aos candidatos ao primeiro escalão. A decisão final deve
sair até amanhã ou quarta-feira.
Apesar de Berzoini ter cometido
um erro político grave (obrigar
idosos acima de 90 anos a se recadastrar no fim de 2003 para combater fraudes no INSS), ele é avaliado pelo governo como um dos
ministros mais eficientes.
Coordenou a reforma da Previdência, mais impopular que a tributária, desgastando-se com os
servidores. Sua saída poderia levar a área a ter problemas gerenciais na hora da implementação
das mudanças na seguridade.
Ou seja, Lula puniria um ministro que apresenta resultados. O
próprio Lula, no ano passado, disse que Berzoini perdera um "pênalti", mas que fazia bom trabalho e ficaria com ele nos seus quatro anos de mandato.
A Folha apurou que também
pesam contra Berzoini choques
nos bastidores com dois ministros poderosos do "núcleo duro",
José Dirceu (Casa Civil) e Antonio
Palocci Filho (Fazenda).
Dirigentes do PT e do governo
ouviram de empresários e de investidores financeiros que a saída
de Berzoini seria um mau sinal
fiscal. A implementação de uma
reforma estratégica para equilibrar as contas públicas e garantir
aposentadoria aos trabalhadores
no futuro poderia ser perdida devido a uma operação fisiológica.
O principal motivo da reforma
ministerial é abrigar o PMDB no
governo em troca de apoio congressual e de alianças com o PT
nas eleições de 2004 e de 2006. A
segunda razão é melhorar o gerenciamento do governo.
Olívio Dutra (Cidades), cujo desempenho não é bem avaliado,
salvou-se porque o PT e seus prefeitos não querem perder o controle de verbas em ano eleitoral.
Das poucas decisões que Lula já
tomou, uma é a escolha do líder
do PMDB na Câmara, Eunício
Oliveira (CE), para as Comunicações. Mas a segunda pasta está indefinida. Apesar de a Previdência
ainda ser a mais provável, Lula
analisa a opção Transportes.
Se cogitou dar Integração Nacional, poderia oferecer Transportes. No governo FHC, houve
acusação de irregularidades contra peemedebistas nas duas pastas. Além disso, serviria como
desculpa para tirar o ministro Anderson Adauto (PL), bancado pelo vice-presidente José Alencar.
O governo vê Adauto como fraco executivo. Empresários do setor se queixaram de sua capacidade operacional, e a pasta ficou
grande para o PL, que perdeu peso em 2003 na comparação com o
aliado PTB, por exemplo.
A ida de Berzoini para o superministério social é defendida por
setores do PT caso seja inevitável
dar a Previdência ao PMDB. Mas
o desgaste com aposentados e
com Dirceu e Palocci dificulta a
"promoção". Outros três petistas
têm chances de ocupar o superministério: o senador Aloizio
Mercadante (SP), o ministro Tarso Genro (Conselho de Desenvolvimento Econômico e Social) e o
deputado Patrus Ananias (MG).
Favorito a ministro na bancada
de senadores do PMDB durante
bom período, Garibaldi Alves
(RN) é ameaçado por Maguito
Vilela (GO), aliado de Lula desde
o governo FHC e que seria premiado pela fidelidade.
Mas o governador de Goiás,
Marconi Perillo (PSDB), que tem
boa relação com Lula, é contra
porque não quer fortalecer o grupo de Maguito. Garibaldi tem a favor o perfil conciliador, mas
apoiou o tucano José Serra em
2002. Seus aliados defendem a nomeação como aceno à ala que ficou com Serra para agregar mais
apoio no PMDB.
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