São Paulo, segunda-feira, 19 de janeiro de 2004 |
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ONDE TUDO COMEÇOU Só 25 famílias pioneiras continuam no local Stedile planejou a primeira invasão
TIAGO ORNAGHI DA AGÊNCIA FOLHA, EM RONDA ALTA Em 7 de setembro de 1979, 102 famílias se reúnem de madrugada. Em três caminhões, percorrem 5,5 quilômetros até a fazenda Macali, em Ronda Alta (RS). Atravessam o riacho que delimita a propriedade, cravam uma cruz no chão e, sobre ela, colocam a bandeira do Brasil. É a primeira invasão de terra organizada por aqueles que, anos depois, vão fundar o MST. A ação se repete numa terra vizinha, a gleba Brilhante, em 20 de setembro, com mais 105 famílias. Hoje só 25 famílias originais continuam nas áreas. As famílias que promoveram as invasões estavam antes em uma reserva de índios caingangues, em Nonoai. Em 1978, os índios expulsaram os agricultores, que acamparam ao lado das fazendas Macali e Brilhante. Quatro meses depois, o governador Amaral de Souza (Arena) pediu um mês para achar uma solução. O prazo acabou, eles decidiram invadir. A invasão foi planejada pelos sem-terra e por João Pedro Stedile, na época economista da Secretaria da Agricultura. Stedile sabia que a fazenda estava em litígio e seria considerada improdutiva. Ele deu o sinal verde. No dia 8 de setembro, um pelotão da Brigada Militar foi ao local. Stedile estava com os policiais. "Tivemos que fazer de conta que não nos conhecíamos", diz Eusébio Reginaldo. As demais famílias organizaram um acampamento em Encruzilhada Natalino, em 1980. O governo enviou o major Sebastião Curió para desmantelá-lo. Após sete meses, a Brigada Militar desistiu. Hoje há uma placa no local: "Encruzilhada Natalino, onde o major Curió foi derrotado e a luta pela terra teve a sua primeira vitória". Texto Anterior: Campo minado: MST lidera quase metade dos sem-terra Próximo Texto: Pontos de vista: "O MST está numa situação muito boa" Índice |
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