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ESCÂNDALO DO "MENSALÃO"/ CONGRESSO SOB PRESSÃO
Acordo previa redução para 45 dias, mas "baixo clero" pressionou por corte menor; depois da Câmara, Senado aprovou fim de salário extra
Recesso será reduzido de 90 para 55 dias
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
Os líderes do governo e da oposição na Câmara cederam ontem
à pressão do "baixo clero" e mudaram os termos do acordo para
reduzir o período de recesso. A diminuição agora será menor, de 90
dias para 55. De seu lado, o Senado repetiu decisão da Câmara da
terça-feira e aprovou o Projeto de
Decreto Legislativo que acaba
com a remuneração extra de parlamentares em convocações.
A proposta inicial de redução
do recesso, articulada pelos líderes em reuniões com o pelo presidente Aldo Rebelo (PCdoB-SP)
era cortar o recesso para 45 dias.
A votação em primeiro turno da
emenda constitucional ocorreu
ontem. Foram 466 votos a favor,
158 a mais do que o mínimo necessário. Apenas a deputada Suely
Campos (PP-RR) votou contra.
A redução do recesso é a segunda medida de um "pacote moralizador" acordado por todos os
partidos como uma maneira de
amenizar o desgaste sofrido pelo
Congresso com o escândalo do
"mensalão". A primeira foi a
aprovação do fim do salário extra
para convocação extraordinária,
votado ontem no Senado.
Todos os 81 senadores registraram sua presença na sessão. A
complementação do pacote antidesgaste deve ocorrer na próxima
semana, com a apreciação pelo
Senado da proposta de emenda
constitucional que reduz o recesso dos parlamentares. No Senado,
os líderes trabalham para aprovar
uma redução para 60 dias.
Já um recurso proposto pela
Mesa Diretora do Senado derrubou ontem liminar concedida pela Justiça Federal determinando o
corte do pagamento de parlamentares que tivessem se ausentado
das tarefas previstas na convocação. O juiz Carlos Augusto Pires
Brandão, do Tribunal Regional
Federal da 1ª Região, considerou a
questão "interna corporis", ou seja, não caberia ao Judiciário interferir numa questão do Legislativo.
Executivo
No projeto de emenda para reduzir o recesso, os parlamentares
também retiram do Executivo o
poder de convocar o Congresso
unilateralmente. Pela nova redação do artigo 57 da Constituição, a
convocação precisará ser autorizada pela maioria absoluta de deputados e senadores. O mecanismo foi pensado para evitar que o
presidente abuse da prerrogativa
de convocar o Congresso.
Se aprovada a emenda constitucional, o recesso seria dividido em
duas partes: de 23 de dezembro a
1º de fevereiro e de 18 a 31 de julho.
A redução um pouco mais tímida foi defendida por deputados de
praticamente todos os partidos,
sob o argumento de que precisam
visitar bases eleitorais. Vários dos
líderes acabaram concordando.
"Recesso é um período necessário à atividade política", disse o líder do governo na Câmara, Arlindo Chinaglia (PT-SP).
O líder pefelista, Rodrigo Maia
(RJ), alegou que não havia sentido
em iniciar o recesso no início de
janeiro, como era a idéia preliminar. Segundo ele, os deputados
acabariam "emendando" o período entre Natal e Ano Novo.
(FÁBIO ZANINI e CONRADO CORSALETTE)
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