São Paulo, quinta-feira, 19 de janeiro de 2006

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ELEIÇÕES 2006/PRESIDÊNCIA

Na tentativa de neutralizar preferência do PSDB por Serra, governador de SP diz a Aécio Neves que alternativa é mandato de 5 anos

Alckmin recua e cogita apoiar fim da reeleição

Maria Tereza Correia/"Estado de Minas"
Os governadores tucanos Aécio Neves (à esq.) e Geraldo Alckmin conversam ontem no Palácio das Mangabeiras, em Belo Horizonte


CATIA SEABRA
DA REPORTAGEM LOCAL

THIAGO GUIMARÃES
DA AGÊNCIA FOLHA, EM BELO HORIZONTE

Em mais uma demonstração de que tenta neutralizar a preferência do PSDB pelo prefeito José Serra, o governador de São Paulo, Geraldo Alckmin, voltou atrás e admitiu ontem a hipótese de apoiar o fim da reeleição, com a adoção de um mandato de cinco anos no país.
Disposto a conquistar o apoio do governador de Minas, Aécio Neves, Alckmin disse, na saída do Palácio das Mangabeiras, que "uma das alternativas é cinco anos sem reeleição". Ao seu lado, Aécio, beneficiário da proposta.
Segundo tucanos, Aécio disse a Alckmin que a adesão dele à proposta seria uma maneira de "pavimentar sua candidatura à Presidência". Para evitar resistência, Serra já havia concordado com a idéia. Mas, até ontem, Alckmin dizia que ainda era cedo para condenar o instituto da reeleição.
Ontem, porém, disse que há dois caminhos. E fez um aceno a Aécio: "Quando JK dizia "50 anos em cinco", eram cinco anos sem reeleição. Se quatro já dá para fazer muito, imagina cinco anos", afirmou Alckmin, dizendo que caberia ao Congresso decidir.
O gesto garantiria a Aécio a possibilidade de concorrer ao Palácio do Planalto após seu segundo mandato, caso seja reeleito.
Aécio, o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso e o presidente do PSDB, Tasso Jereissati (CE), são apontados como decisivos para a escolha do candidato. Os três se reúnem na próxima quinta-feira, em São Paulo.
Nos dois últimos dias, Alckmin se reuniu com Aécio e Tasso, para os quais justificou a decisão de anunciar sua desincompatibilização. O governador alegou que, do contrário, seria atropelado por Serra. Nas conversas, Alckmin afirmou que pretendia sair antes do prazo fatal. Mas que aí, sim, avançaria o sinal.

FHC
O governador também se queixou da atuação dos serristas dentro do partido e, nas conversas, debitou na conta de Serra o vazamento da informação de que FHC já estaria fazendo campanha em favor do prefeito. Essa, avaliou, seria uma maneira de tentar desestimular sua campanha.
Para tranqüilizá-lo, Aécio contou que há um pacto para que FHC, Tasso e ele tomem uma decisão conjunta.
Alckmin desqualificou as pesquisas quantitativas como único critério de decisão, argumentando que, se levando em conta o grau de conhecimento, ele e Aécio apresentam melhor desempenho (curva de crescimento). Disse ainda que não gostaria que só os líderes de bancada -apontados como pró-Serra- fossem consultados para a escolha. Mas toda a bancada, além de governadores e presidentes de diretórios.
Aécio deixou o encontro repetindo o que dissera à Folha: Alckmin será o candidato se demonstrar viabilidade eleitoral. Na saída, os dois negaram que FHC tenha optado por Serra. Ontem, a Folha informou que FHC tem afirmado a interlocutores que o prefeito de São Paulo é a melhor opção.
Alckmin e Aécio, que almoçaram ontem na residência oficial do governador de Minas, procuraram minimizar. "A própria matéria -eu li- diz que essa notícia já tinha sido veiculada e que o presidente [FHC] já tinha corrigido", disse Alckmin. Ele se referia ao fato de FHC ter desmentido, em novembro, informação de que teria dito que Serra seria mais "competente" para derrotar o presidente Luiz Inácio Lula da Silva.
Aécio disse duvidar que FHC tenha uma "decisão tomada". Segundo ele, a escolha "se dará a partir de análises conjuntas".
Alckmin afirmou querer ser o "candidato do entendimento" e que cabe à direção partidária definir os critérios para a escolha do nome. "O partido tem o presidente [do PSDB] Tasso Jereissati, uma de suas grandes lideranças, governadores da estatura do governador Aécio Neves, o presidente Fernando Henrique, as bancadas. As lideranças constroem esse trabalho."
Segundo Aécio, não há "critério formal" de escolha. "O que existem são consultas que, a partir das conversas que se iniciam, nos levarão a um consenso."


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