São Paulo, quinta-feira, 19 de janeiro de 2006

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Em discurso afinado com o de Serra, Alckmin faz críticas a governo Lula

CONRADO CORSALETTE
ENVIADO ESPECIAL A BRASÍLIA

Em disputa por espaço no PSDB com o prefeito paulistano José Serra para tentar a vaga de candidato do partido à Presidência, o governador Geraldo Alckmin (SP) endureceu o discurso contra o presidente Luiz Inácio Lula da Silva ao dizer não ver razão para um segundo mandato do petista.
"O governo Lula não merece nem um dia a mais. O Brasil não pode perder tempo." Alckmin disse que o governo "desmistificou muita coisa". "Agora é pão, pão, queijo, queijo, coisas mais práticas na questão de como implementar as reformas mais rapidamente e as mais necessárias para termos crescimento forte."
Ao concordar com a decisão da cúpula tucana de não realizar prévias para definir o candidato do partido à Presidência, em reunião anteontem em Brasília, Alckmin pediu pressa na escolha do nome que irá disputar a eleição.
Postulante à indicação, ele apresentou ao presidente do PSDB, senador Tasso Jereissati (CE), argumentos que, na sua opinião, o credenciam para concorrer ao Planalto. O partido pretende definir seu presidenciável em março.
Ontem, Alckmin teve encontro em Belo Horizonte com o governador de Minas Gerais, Aécio Neves (PSDB). A sua ofensiva ocorre num momento de desvantagem em relação a Serra, que já tem destinado parte de seus discursos para críticas ao governo federal.
O ex-presidente Fernando Henrique Cardoso, cacique tucano com maior influência no partido, já demonstrou a colegas sua predileção pela escolha de Serra, conforme a Folha relatou ontem.
Alckmin, porém, diz que nada está definido e tenta fortalecer seu nome com viagens pelo país. "Nunca ouvi isso [preferência de FHC por Serra]. Vejo notinha aqui, notinha ali, mas, nas conversas que tenho com ele, ele tem sido uma liderança partidária."
No mesmo dia, contudo, adotou o tom mais duro, similar ao de Serra -até aqui, Alckmin falava numa campanha "propositiva".
Outro fator que pesa contra Alckmin é a preferência do PFL, principal aliado do PSDB, por Serra. Se o prefeito deixar o cargo para disputar a eleição, seu vice, o pefelista Gilberto Kassab, terá o comando da maior cidade do país por dois anos e nove meses.
Os caciques tucanos começam agora a definir os critérios para a escolha do nome do seu presidenciável. O governador disse estar disposto a concordar com os critérios. Nos próximos dias, Tasso se encontrará com Serra para tratar do mesmo assunto.


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