São Paulo, terça-feira, 19 de março de 2002

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OPOSIÇÃO PRAGMÁTICA

Em almoço reservado, José Dirceu e membros do PL manifestam interesse em atrair Garotinho para aliança

PT retoma negociação com PL e quer PSB

FÁBIO ZANINI
DA REPORTAGEM LOCAL

Um dia após um coro de cerca de 3.000 militantes petistas contrários à coligação com o PL ter interrompido um discurso de Luiz Inácio Lula da Silva em Poços de Caldas (MG), os presidentes das duas legendas reuniram-se ontem em um almoço de caráter reservado, em São Paulo, para conversar sobre alianças.
Durante um encontro de quase duas horas, no hotel Sofitel, o presidente do PT, deputado José Dirceu (SP), disse aos representantes do PL, incluindo seu presidente, deputado Valdemar Costa Neto (SP), que a aliança dos sonhos para a eleição de outubro reuniria, além dos dois partidos, o PSB de Anthony Garotinho (RJ).
Na prática, PT e PL retomaram ontem negociações que haviam ficado virtualmente suspensas em razão da decisão do TSE de vincular as coligações nos Estados à aliança selada na esfera federal.
PT e PL têm diferenças inconciliáveis em alguns Estados, o que impossibilitaria uma união nacional com Lula para presidente e o senador José Alencar (PL-MG) como seu candidato a vice.
As duas legendas acreditam que existe a possibilidade de o Supremo Tribunal Federal derrubar a determinação do TSE, o que viabilizaria um acordo. Há, porém, resistências sérias à composição dentro dos dois partidos.
As conversas também ficaram paralisadas por conta da prévia petista, disputada anteontem. Dirceu disse no almoço que a partir de agora, com a oficialização da candidatura de Lula, ele deve sair em campanha e voltar a subir nas pesquisas. O almoço teve caráter reservado, entre outros motivos, para não melindrar o senador Eduardo Suplicy, pois o resultado final da prévia não foi divulgado.
O PT aposta que o governador do Rio, Anthony Garotinho, não terá fôlego para manter sua pré-candidatura e será atraído por força da gravidade para a campanha de Lula. Lideranças regionais do PSB trabalham nesse sentido.
José Dirceu demonstrou, na reunião, que acha difícil uma composição com Ciro Gomes (PPS) caso ele mantenha os apoios de PDT e PTB.
PT e PL concordaram em manter aberto um canal de diálogo mesmo que não seja possível derrubar a decisão do TSE nem concretizar uma aliança.

Minas Gerais
Grande parte da conversa teve como tema a eleição em Minas Gerais, Estado de Alencar. Caso o senador não possa ser o vice de Lula, ele sairia como candidato ao governo de Minas com o apoio do PT. Participaram ontem da reunião, além dos dois líderes partidários, sete deputados estaduais de Minas -quatro do PL e três do PT. O presidente do PL em São Paulo, deputado federal Luiz Antônio Medeiros, também almoçou com José Dirceu.
"A aliança de PT e PL em Minas está bastante adiantada. É o local em que as conversas progridem mais", disse Costa Neto.
Para fechar uma hipotética coligação em torno de Alencar em Minas, Dirceu terá de convencer o PT local a não lançar candidato próprio -no caso, o deputado federal Nilmário Miranda, escolhido pelo diretório mineiro na semana passada. A direção nacional acredita que não haverá problema para contornar a situação.
Segundo Costa Neto, a visita dos deputados mineiros a São Paulo foi para fazer uma visita a Alencar, que se recupera em seu apartamento, na região dos Jardins, de uma cirurgia para retirada de um câncer de próstata. Após o almoço, os deputados do PL visitaram o senador.


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