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OPOSIÇÃO PRAGMÁTICA
Em almoço reservado, José Dirceu e membros do PL manifestam interesse em atrair Garotinho para aliança
PT retoma negociação com PL e quer PSB
FÁBIO ZANINI
DA REPORTAGEM LOCAL
Um dia após um coro de cerca
de 3.000 militantes petistas contrários à coligação com o PL ter
interrompido um discurso de
Luiz Inácio Lula da Silva em Poços de Caldas (MG), os presidentes das duas legendas reuniram-se
ontem em um almoço de caráter
reservado, em São Paulo, para
conversar sobre alianças.
Durante um encontro de quase
duas horas, no hotel Sofitel, o presidente do PT, deputado José Dirceu (SP), disse aos representantes
do PL, incluindo seu presidente,
deputado Valdemar Costa Neto
(SP), que a aliança dos sonhos para a eleição de outubro reuniria,
além dos dois partidos, o PSB de
Anthony Garotinho (RJ).
Na prática, PT e PL retomaram
ontem negociações que haviam
ficado virtualmente suspensas em
razão da decisão do TSE de vincular as coligações nos Estados à
aliança selada na esfera federal.
PT e PL têm diferenças inconciliáveis em alguns Estados, o que
impossibilitaria uma união nacional com Lula para presidente e o
senador José Alencar (PL-MG)
como seu candidato a vice.
As duas legendas acreditam que
existe a possibilidade de o Supremo Tribunal Federal derrubar a
determinação do TSE, o que viabilizaria um acordo. Há, porém,
resistências sérias à composição
dentro dos dois partidos.
As conversas também ficaram
paralisadas por conta da prévia
petista, disputada anteontem.
Dirceu disse no almoço que a partir de agora, com a oficialização da
candidatura de Lula, ele deve sair
em campanha e voltar a subir nas
pesquisas. O almoço teve caráter
reservado, entre outros motivos,
para não melindrar o senador
Eduardo Suplicy, pois o resultado
final da prévia não foi divulgado.
O PT aposta que o governador
do Rio, Anthony Garotinho, não
terá fôlego para manter sua pré-candidatura e será atraído por
força da gravidade para a campanha de Lula. Lideranças regionais
do PSB trabalham nesse sentido.
José Dirceu demonstrou, na
reunião, que acha difícil uma
composição com Ciro Gomes
(PPS) caso ele mantenha os
apoios de PDT e PTB.
PT e PL concordaram em manter aberto um canal de diálogo
mesmo que não seja possível derrubar a decisão do TSE nem concretizar uma aliança.
Minas Gerais
Grande parte da conversa teve
como tema a eleição em Minas
Gerais, Estado de Alencar. Caso o
senador não possa ser o vice de
Lula, ele sairia como candidato ao
governo de Minas com o apoio do
PT. Participaram ontem da reunião, além dos dois líderes partidários, sete deputados estaduais
de Minas -quatro do PL e três do
PT. O presidente do PL em São
Paulo, deputado federal Luiz Antônio Medeiros, também almoçou com José Dirceu.
"A aliança de PT e PL em Minas
está bastante adiantada. É o local
em que as conversas progridem
mais", disse Costa Neto.
Para fechar uma hipotética coligação em torno de Alencar em
Minas, Dirceu terá de convencer o
PT local a não lançar candidato
próprio -no caso, o deputado federal Nilmário Miranda, escolhido pelo diretório mineiro na semana passada. A direção nacional
acredita que não haverá problema
para contornar a situação.
Segundo Costa Neto, a visita dos
deputados mineiros a São Paulo
foi para fazer uma visita a Alencar, que se recupera em seu apartamento, na região dos Jardins, de
uma cirurgia para retirada de um
câncer de próstata. Após o almoço, os deputados do PL visitaram
o senador.
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