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DIPLOMACIA
Diretor da Opaq, agência contra armas químicas, sofre pressão dos EUA
UE pede a renúncia de brasileiro
ALCINO LEITE NETO
DE PARIS
Os países da União Européia
(UE) que fazem parte da Organização para a Proscrição de Armas
Químicas (Opaq) pediram ontem
ao embaixador brasileiro José
Maurício Bustani, 56, que renuncie ao cargo de diretor-geral da
entidade. Os europeus fazem, assim, eco às pressões dos EUA.
"A UE pediu ao diretor-geral
que renuncie para o bem da organização", afirmou Gordon Vachon, assistente especial de relações exteriores da Opaq. Ele disse
que Rússia, China e Índia, além de
países que não pôde citar, defendem a permanência de Bustani.
As razões norte-americanas não
estão claras. Segundo Vachon,
porta-voz de Bustani, os EUA
afirmaram haver necessidade de
uma "mudança no estilo de gerência". "Quando pedimos esclarecimentos a respeito, os EUA
não responderam", disse.
Os EUA estariam incomodados
com a neutralidade de Bustani, favorável também ao diálogo multilateral. Ele defende que o Iraque
seja Estado-membro da Opaq
-com sede em Haia, Holanda.
Reunião do Conselho Executivo
da Opaq (41 países; 9 da UE) discutirá o assunto amanhã. Bustani
está licenciado do governo brasileiro e seu mandato se estende até
2005. Sua situação mobilizou, porém, o corpo diplomático brasileiro na Europa, para obter apoio
à sua permanência no cargo.
O embaixador brasileiro na
França, Marcos de Azambuja, encontrou-se com funcionários do
Ministério das Relações Exteriores francês. "Ouvi da França que
ela não tem nenhuma queixa contra o embaixador. Minha expectativa é que a França não irá votar
contra ele", afirmou.
Para o embaixador brasileiro
nos Holanda e representante do
país na Opaq, Affonso Emílio de
Alencastro Massot, a permanência de Bustani "está difícil", mas
"o Brasil será contrário a qualquer
iniciativa que vise o seu afastamento. Ele consolidou a organização de maneira inequívoca e a
tem conduzido com imparcialidade e acerto", disse.
Em nota à imprensa, o Itamaraty disse que, caso seja apresentada, nos órgãos diretivos da organização, moção contrária à gestão de Bustani, ou tendente ao seu
afastamento da direção, a delegação brasileira votará contra, por
considerar que ele tem conduzido
com sentido de responsabilidade
e com acerto, merecendo a plena
solidariedade do Brasil e dos demais Estados-membros, afirma a
nota do Itamaraty.
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