São Paulo, terça-feira, 19 de março de 2002

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

DIPLOMACIA

Diretor da Opaq, agência contra armas químicas, sofre pressão dos EUA

UE pede a renúncia de brasileiro

ALCINO LEITE NETO
DE PARIS

Os países da União Européia (UE) que fazem parte da Organização para a Proscrição de Armas Químicas (Opaq) pediram ontem ao embaixador brasileiro José Maurício Bustani, 56, que renuncie ao cargo de diretor-geral da entidade. Os europeus fazem, assim, eco às pressões dos EUA.
"A UE pediu ao diretor-geral que renuncie para o bem da organização", afirmou Gordon Vachon, assistente especial de relações exteriores da Opaq. Ele disse que Rússia, China e Índia, além de países que não pôde citar, defendem a permanência de Bustani.
As razões norte-americanas não estão claras. Segundo Vachon, porta-voz de Bustani, os EUA afirmaram haver necessidade de uma "mudança no estilo de gerência". "Quando pedimos esclarecimentos a respeito, os EUA não responderam", disse.
Os EUA estariam incomodados com a neutralidade de Bustani, favorável também ao diálogo multilateral. Ele defende que o Iraque seja Estado-membro da Opaq -com sede em Haia, Holanda.
Reunião do Conselho Executivo da Opaq (41 países; 9 da UE) discutirá o assunto amanhã. Bustani está licenciado do governo brasileiro e seu mandato se estende até 2005. Sua situação mobilizou, porém, o corpo diplomático brasileiro na Europa, para obter apoio à sua permanência no cargo.
O embaixador brasileiro na França, Marcos de Azambuja, encontrou-se com funcionários do Ministério das Relações Exteriores francês. "Ouvi da França que ela não tem nenhuma queixa contra o embaixador. Minha expectativa é que a França não irá votar contra ele", afirmou.
Para o embaixador brasileiro nos Holanda e representante do país na Opaq, Affonso Emílio de Alencastro Massot, a permanência de Bustani "está difícil", mas "o Brasil será contrário a qualquer iniciativa que vise o seu afastamento. Ele consolidou a organização de maneira inequívoca e a tem conduzido com imparcialidade e acerto", disse.
Em nota à imprensa, o Itamaraty disse que, caso seja apresentada, nos órgãos diretivos da organização, moção contrária à gestão de Bustani, ou tendente ao seu afastamento da direção, a delegação brasileira votará contra, por considerar que ele tem conduzido com sentido de responsabilidade e com acerto, merecendo a plena solidariedade do Brasil e dos demais Estados-membros, afirma a nota do Itamaraty.



Texto Anterior: Prefeito quer ampliar base do partido
Próximo Texto: Visita da fome: Fome no país é inaceitável, diz relator
Índice



Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.