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Jucá pede arquivamento de caso
RUBENS VALENTE
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
O ministro da Previdência, Romero Jucá, pediu ontem ao procurador-geral da República, Claudio Fonteles, por intermédio de
seu advogado, o arquivamento do
procedimento administrativo que
foi aberto pelo Ministério Público
Federal para investigar o destino
dos recursos públicos obtidos pela empresa Frangonorte, de Roraima, da qual Jucá foi dono entre
1994 e 1996.
Jucá encaminhou ontem uma
manifestação de 25 páginas a
Claudio Fonteles. O procurador-geral havia dado um prazo de 20
dias para que o ministro apresentasse documentos "que julgasse
necessários" para explicar o financiamento.
O procurador-geral não fez perguntas sobre as sete fazendas inexistentes no Amazonas, dadas como garantia pelo ministro ao financiamento -conforme revelou a Folha no último dia 28.
A assessoria de Fonteles informou que até o final de maio ele tomará uma decisão sobre o assunto, após avaliar a manifestação de
Jucá e os documentos enviados
pelo Ministério Público de Roraima. Fonteles deverá deixar o cargo em 30 de junho.
Ele tem as opções de acolher o
pedido de Jucá -e assim arquivar o procedimento-, pedir a
abertura de um inquérito no STF
(Supremo Tribunal Federal), o
que significaria dar seqüência às
investigações, ou protocolar direto uma denúncia ao STF, o que
poderia gerar a abertura de um
processo.
O advogado de Jucá, Antonio
Carlos de Almeida Castro, confirmou que o procedimento não trata das sete fazendas inexistentes
no Amazonas. Disse que o procedimento questiona apenas o destino dado a R$ 4,2 milhões -o
ofício do Ministério Público enviado a Jucá cita R$ 4,6 milhões-
recebidos pela Frangonorte do
FNO (Fundo Constitucional do
Norte).
Almeida Castro informou, porém, que, mesmo assim, tratou da
questão das fazendas inexistentes
na defesa de Jucá, alegando que o
responsável pelas propriedades
era seu ex-sócio.
Indagado sobre o documento
de agosto de 96 pelo qual o ministro assinou como "fiador e principal pagador" do débito e encaminhou as fazendas ao Basa, Almeida Castro afirmou: "Nós estamos
comprovando por documentos
que isso é uma análise, uma subanálise do documento, a análise legal do documento, não se pode
afirmar isso".
Os documentos mencionados
por Almeida Castro, que integram um conjunto de "cerca de
20", contudo, não foram revelados à imprensa. Também não foram entregues aos jornalistas cópias da defesa.
Primeiro Almeida Castro disse
que entregaria o documento a
Fonteles e "ele decidirá o que fazer", depois, alegou que há "sigilo" no procedimento. A assessoria
de Fonteles informou que caberia
ao advogado divulgar a defesa.
Em nota ontem, Jucá, defendeu-se de reportagens divulgadas por
quatro publicações diferentes no
último final de semana.
Embora as reportagens retratem negócios particulares do ministro e de seus familiares, ou atos
supostamente cometidos quando
era senador, Jucá utilizou a estrutura da agência de notícias da Previdência para divulgar sua "nota
de esclarecimento".
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