São Paulo, domingo, 19 de abril de 1998

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Partidos cobiçam apoio de Cabo Camata

do enviado especial

Dejacir Cabo Camata incorporou a patente militar ao seu nome eleitoral e deu trabalho aos políticos do Espírito Santo em 1994, quando deixou de ser uma "zebra" e disputou o segundo turno contra Vitor Buaiz, então candidato vitorioso do PT.
Eleito prefeito de Cariacica, em 96, chega ao pleito deste ano com muito cacife. A sua figura incomoda qualquer defensor dos direitos humanos, mas quase todos os partidos cobiçam o seu apoio.
"Não sou de fazer futrica política, por isso digo logo para você: meu apoio na eleição vai para Albuíno Azeredo", disse à Folha na noite da última quinta-feira.
Azeredo, ex-governador, é provável candidato do PDT ao cargo que ocupou entre 1991 e 94.
A vida política do Cabo, primo do senador Gerson Camata (PMDB-ES), casado com a deputada Rita Camata (PMDB-ES), começou como líder da filial capixaba da Associação de Cabos e Soldados, uma espécie de sindicato da Polícia Militar, que tem servido de ponte entre PMs e as urnas.
Policial desde 1976, o então cabo, depois de muitos tumultos e várias prisões por indisciplina, foi expulso da PM em 1987, por ordem do ex-governador Max Mauro. "A minha luta por melhores salários incomodava", conta ele.
Em 1990, motivado por ex-colegas da tropa, foi eleito deputado estadual devido a um discurso que pregava a perseguição e morte a todos os "bandidos".
Sempre teve a sua vida ligada à morte até debaixo d'água: "Sou recordista em tirar cadáveres do fundo de rios e do mar, quando estive no Corpo de Bombeiros".
O Cabo Camata dirige uma cidade também marcada pela violência contra os políticos.
O último atentado de vulto ocorreu na noite de 31 de dezembro de 1997, quando o deputado estadual e locutor de rádio Antário Filho (PSDB) foi morto quando transmitia a passagem de ano na Tropical FM. Os pistoleiros foram presos, mas a polícia ainda não sabe o nome dos possíveis mandantes.
Jesus Vaz, vice-prefeito da mesma cidade, levou um tiro no ano passado. Escapou. Na última sexta-feira citava, entre os suspeitos, o grupo de Camata. O motivo, segundo Vaz: ter apontado corrupção em licitações da prefeitura. (XS)



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