São Paulo, domingo, 19 de abril de 1998

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SUCESSÃO
Apenas dez parlamentares declararam que não são candidatos na eleição de outubro; 88,5% vão concorrer
Maioria dos deputados busca a reeleição

LUIZA DAMÉ
DENISE MADUEÑO
da Sucursal de Brasília


A maioria dos deputados pretende voltar à Câmara no próximo ano. De um total de 513 parlamentares, 454 estão decididos a disputar a reeleição, o que equivale a 88,5% da composição da Casa.
Outros 49 deputados disputarão cargos fora do Legislativo Federal ou ainda não decidiram se vão concorrer. Apenas dez declararam que não serão candidatos nas próximas eleições.
O líder do governo na Câmara, Luís Eduardo Magalhães (PFL-BA), e a deputada Marta Suplicy (PT-SP) querem trocar o Legislativo por um cargo no Executivo. Os dois já são os pré-candidatos ao governo de seus Estados.
A decisão de Luís Eduardo faz parte do projeto do partido de alcançar a Presidência da República no ano 2002.
O governo da Bahia será usado como trampolim na tentativa de suceder o presidente Fernando Henrique Cardoso -em um eventual segundo mandato do tucano.
Em SP
Marta Suplicy foi a saída encontrada pelo PT para enfrentar o desgaste político do partido em São Paulo. Sem candidatos de expressão, o partido optou por arriscar com uma candidatura alternativa.
A deputada não é a única do PT que não disputará a reeleição. De uma bancada de 50, pelo menos 5 disputam outros cargos e 5 desistiram de concorrer.
No maior partido da Câmara, o PFL, 88% da bancada vai disputar a reeleição. Dos 111 deputados, 98 querem voltar à Casa.
O levantamento sobre a intenção dos parlamentares em se recandidatar foi feito no final do ano passado pela Folha. Na semana passada os dados foram atualizados.
Cassação
Deputados, alvos de processos de cassação por falta de decoro, fazem campanha para voltar à Câmara, confiantes na absolvição. No início do próximo mês, o deputado Pedrinho Abrão (PTB-GO) saberá se poderá disputar as eleições.
O julgamento do parlamentar está marcado para o dia 5. Abrão é acusado de ter cobrado propina para manter os recursos destinados à barragem do Castanhão (Ceará) no Orçamento da União, em dezembro de 1996.
O deputado teria cobrado da construtora Andrade Gutierrez, responsável pela obra, 4% da parcela de R$ 43 milhões.
Mesmo respondendo a dois processos de cassação, o deputado Chicão Brígido (PMDB-AC) está confiante em sua reeleição. Ele espera ser o mais votado em seu Estado.
Chicão é acusado de vender seu voto a favor do projeto que permite a reeleição de Fernando Henrique Cardoso por R$ 200 mil. Também foi denunciado por alugar seu mandato para a suplente Adelaide Neri (PMDB-AC).
Chicão confessou que ficava com parte do salário dos funcionários do gabinete e que pediu à suplente quota de passagens aéreas e metade do salário extra a que tinha direito durante a convocação extraordinária.
Outros dois deputados do Acre envolvidos no processo de compra de votos pela reeleição, Osmir Lima (PFL) e Zila Bezerra (PFL), estão indecisos.
'"Estou meio desencantado com a política depois do absurdo que foi o envolvimento de meu nome no escândalo da compra de votos", disse Osmir.



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