|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
DINHEIRO PÚBLICO
Governo brasileiro assinou acordo comercial sem licitação para compra de US$ 395 mi em equipamentos para a Polícia Federal
Estatal francesa confirma contrato com a PF
de Paris
O presidente da estatal francesa
Sofremi, Henri Hurand, confirmou à Folha o contrato entre sua
empresa e o Ministério da Justiça
brasileiro para fornecimento de
equipamentos à Polícia Federal.
Hurand, no entanto, não quis
comentar o fato de o contrato
-que prevê gastos pela PF de até
US$ 395,29- ter sido realizado
sem licitação, como revelou a Folha anteontem. "Quem pode responder sobre isso é o próprio ministério", disse.
Segundo ele, o acordo assinado
no dia 31 de março previa que a
França ajudasse a PF a se equipar,
visando, por exemplo, à proteção
das fronteiras.
Os equipamentos adquiridos são
para o Pró-Amazônia (projeto da
polícia para a região) e para o Promotec (que visa a informatização
do órgão).
Entre outros itens, a Sofremi enviará ao Brasil 6 helicópteros, 240
calculadoras eletrônicas e 8 óculos
"para pára-quedismo, cor preta".
A Sofremi é uma empresa vinculada ao Ministério do Interior
francês. Funciona como um intermediador: ela realiza operações de
venda de equipamentos e tecnologia franceses a outros países.
Em alguns casos, também negocia produtos de outros países europeus. Para a PF, por exemplo,
serão comprados equipamentos
das alemãs Dasa (grupo Daimler-Benz) e Siemens, entre outras.
Entre as empresas francesas que
vão participar do negócio com a
PF, está a Thomson, gigante do ramo de equipamentos de defesa
que foi a principal derrotada na licitação do projeto Sivam (Sistema
de Vigilância da Amazônia) -
vencida pela Raytheon, dos EUA.
A Thomson, aliás, é acionista da
Sofremi, junto com outras empresas privadas. Mas o acionista majoritário é o governo francês.
As empresas que participam do
controle acionário da Sofremi, em
geral, já trabalham com o Ministério do Interior e têm interesse em
participar de negócios similares
no exterior.
Na França, o Ministério do Interior cuida dos assuntos de segurança interna do país, como o
controle de imigração e a proteção
das fronteiras. Por isso, compra os
equipamentos da polícia e dos
bombeiros, por exemplo.
Entenda o caso
Em março de 97, os governos
brasileiro e francês assinaram dois
acordos de cooperação. Um deles,
aprovado no Congresso, previa o
"reaparelhamento" da PF.
Em 31 de março, dois dias antes
de deixar o cargo, o então ministro da Justiça, Iris Rezende
(PMDB-GO), testemunhou assinatura do contrato entre Hurand,
pela Sofremi, e o diretor da PF, Vicente Chelotti.
Segundo Iris, o Ministério da
Justiça concluiu que essa compra
dispensaria a concorrência pública porque só a Sofremi teria condições de fornecer o equipamento.
Além disso, a segurança nacional
estaria envolvida.
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
|