São Paulo, sexta-feira, 19 de maio de 2000


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JANIO DE FREITAS

Segurança sem segurança

O governo está tomado por idéias variadas para a criação de novos serviços, desde mais um ministério até a criação de uma Guarda Nacional, pretensamente voltados para a segurança pública. As divergências, ainda bem, prevalecem até agora, mas isso não dispensa que cá fora não se façam os questionamentos que deveriam ocorrer no governo, onde não acontecem.
Uma delas pode ser a finalidade mesma dessas idéias que começaram a jorrar do extinto Gabinete Militar e prosseguiram, em maior volume e insistência, na Secretaria de Segurança Institucional. A motivação do esforço não é a segurança no sentido em que os cidadãos a entendemos, diante da crescente criminalidade urbana pelo país afora. É a segurança no sentido militar que está sendo visada. A segurança que considera greves, outros movimentos reivindicatórios, protestos públicos em geral, como ameaças ou já violações à ordem.
É esse sentido de segurança que explica o fato de que a investida por novos serviços policiais parta do Gabinete de Segurança Institucional, criado no ano passado para ampliar a influência e o controle militar sobre áreas que o tradicional Gabinete Militar da Presidência da República não podia abranger.
Pela origem e pelos fins da investida, se afinal as divergências forem aplastadas e criado algum novo serviço, será, sem dúvida, algo concebido, organizado e ativado por uma concepção militarizada. Convém, então, lembrar o que aconteceu às Polícias Militares. Entregues pela ditadura ao comando do Exército, deixaram de ser instrumento de segurança pública acatado com simpatia e confiança pela população para se transformar em instrumento de violência, minado por improbidades e incapaz de proteger a população, até por não merecer a sua confiança.
O governo não procura solução: quer criar mais um problema.


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