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JANIO DE FREITAS
Segurança sem segurança
O governo está tomado
por idéias variadas para a
criação de novos serviços, desde
mais um ministério até a criação de uma Guarda Nacional,
pretensamente voltados para a
segurança pública. As divergências, ainda bem, prevalecem até
agora, mas isso não dispensa
que cá fora não se façam os
questionamentos que deveriam
ocorrer no governo, onde não
acontecem.
Uma delas pode ser a finalidade mesma dessas idéias que começaram a jorrar do extinto
Gabinete Militar e prosseguiram, em maior volume e insistência, na Secretaria de Segurança Institucional. A motivação do esforço não é a segurança
no sentido em que os cidadãos a
entendemos, diante da crescente
criminalidade urbana pelo país
afora. É a segurança no sentido
militar que está sendo visada. A
segurança que considera greves,
outros movimentos reivindicatórios, protestos públicos em geral, como ameaças ou já violações à ordem.
É esse sentido de segurança
que explica o fato de que a investida por novos serviços policiais parta do Gabinete de Segurança Institucional, criado no
ano passado para ampliar a influência e o controle militar sobre áreas que o tradicional Gabinete Militar da Presidência da
República não podia abranger.
Pela origem e pelos fins da investida, se afinal as divergências
forem aplastadas e criado algum novo serviço, será, sem dúvida, algo concebido, organizado e ativado por uma concepção
militarizada. Convém, então,
lembrar o que aconteceu às Polícias Militares. Entregues pela
ditadura ao comando do Exército, deixaram de ser instrumento de segurança pública
acatado com simpatia e confiança pela população para se
transformar em instrumento de
violência, minado por improbidades e incapaz de proteger a
população, até por não merecer
a sua confiança.
O governo não procura solução: quer criar mais um problema.
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