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Movimento exige audiência com governador de SP
EDMILSON ZANETTI
DA AGÊNCIA FOLHA,
EM SÃO JOSÉ DO RIO PRETO
O MST decidiu que só vai sair de
três áreas invadidas no Pontal do
Paranapanema, extremo oeste de
São Paulo, após ser recebido pelo
governador Mário Covas (PSDB).
O dirigente José Rainha Júnior
disse que poderá haver resistência, embora a intenção seja evitar
confronto com a polícia.
"Não queremos colocar a pauta
da reforma agrária na mesa da
polícia. Queremos discutir na mesa do governo", disse. "O governo
vai ter que se pronunciar, ou
manda bater, manda prender."
"Se ele (Covas) deixar meramente para a Justiça e a polícia
cumprir (as reintegrações de posse), pode cumprir. Estamos
aguardando que ele mande a tropa. Espero que não mande a tropa
de choque", acrescentou.
O dirigente disse que, no caso de
despejo com uso de força, "pode
voar caco para todo lado, e vão
cair alguns no Palácio dos Bandeirantes e no Palácio do Planalto".
Procurada, a assessoria de Covas remeteu o caso para a Secretaria da Justiça, que cuida da política fundiária no Estado. A assessoria da secretaria informou que nenhuma audiência foi solicitada
pelo MST (Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra). Os
principais dirigentes do MST na
região se reuniram anteontem de
manhã com o comando da Polícia
Militar, para tratar da reintegração de posse concedida pela Justiça nas três áreas.
São estimadas mais de 1.200 famílias acampadas nas fazendas
São João, Santa Maria e Santana
da Alcídia, em Teodoro Sampaio
(710 km a oeste de SP). As áreas
foram invadidas como parte dos
protestos contra os 500 anos.
O prazo para sair da São João,
com quase mil famílias, vence no
dia 28. O proprietário, Ricardo
Peretti, é filiado à UDR (União
Democrática Ruralista). Os sem-terra têm até o dia 26 para deixar a
fazenda Santana da Alcídia.
No caso da fazenda Santa Maria,
o MST está contestando a decisão
da Justiça. Alega que os invasores
estão em uma estrada municipal e
que o juiz não teria, portanto,
competência para julgar o caso.
A Santa Maria pertence ao espólio do ex-governador Roberto de
Abreu Sodré. Um dos herdeiros é
o pecuarista Jovelino Mineiro, sócio do presidente Fernando Henrique Cardoso em uma outra propriedade, em Minas.
O comandante da PM em Teodoro Sampaio, capitão Francisco
Leopoldo Júnior, disse ter obtido
do MST o compromisso de que os
prazos serão cumpridos sem necessidade de uso de força.
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