São Paulo, sexta-feira, 19 de maio de 2000


Envie esta notícia por e-mail para
assinantes do UOL ou da Folha
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

Movimento exige audiência com governador de SP

EDMILSON ZANETTI
DA AGÊNCIA FOLHA,
EM SÃO JOSÉ DO RIO PRETO


O MST decidiu que só vai sair de três áreas invadidas no Pontal do Paranapanema, extremo oeste de São Paulo, após ser recebido pelo governador Mário Covas (PSDB).
O dirigente José Rainha Júnior disse que poderá haver resistência, embora a intenção seja evitar confronto com a polícia.
"Não queremos colocar a pauta da reforma agrária na mesa da polícia. Queremos discutir na mesa do governo", disse. "O governo vai ter que se pronunciar, ou manda bater, manda prender."
"Se ele (Covas) deixar meramente para a Justiça e a polícia cumprir (as reintegrações de posse), pode cumprir. Estamos aguardando que ele mande a tropa. Espero que não mande a tropa de choque", acrescentou.
O dirigente disse que, no caso de despejo com uso de força, "pode voar caco para todo lado, e vão cair alguns no Palácio dos Bandeirantes e no Palácio do Planalto".
Procurada, a assessoria de Covas remeteu o caso para a Secretaria da Justiça, que cuida da política fundiária no Estado. A assessoria da secretaria informou que nenhuma audiência foi solicitada pelo MST (Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra). Os principais dirigentes do MST na região se reuniram anteontem de manhã com o comando da Polícia Militar, para tratar da reintegração de posse concedida pela Justiça nas três áreas.
São estimadas mais de 1.200 famílias acampadas nas fazendas São João, Santa Maria e Santana da Alcídia, em Teodoro Sampaio (710 km a oeste de SP). As áreas foram invadidas como parte dos protestos contra os 500 anos.
O prazo para sair da São João, com quase mil famílias, vence no dia 28. O proprietário, Ricardo Peretti, é filiado à UDR (União Democrática Ruralista). Os sem-terra têm até o dia 26 para deixar a fazenda Santana da Alcídia.
No caso da fazenda Santa Maria, o MST está contestando a decisão da Justiça. Alega que os invasores estão em uma estrada municipal e que o juiz não teria, portanto, competência para julgar o caso.
A Santa Maria pertence ao espólio do ex-governador Roberto de Abreu Sodré. Um dos herdeiros é o pecuarista Jovelino Mineiro, sócio do presidente Fernando Henrique Cardoso em uma outra propriedade, em Minas.
O comandante da PM em Teodoro Sampaio, capitão Francisco Leopoldo Júnior, disse ter obtido do MST o compromisso de que os prazos serão cumpridos sem necessidade de uso de força.


Texto Anterior: Questão agrária: Famílias dizem ter sido expulsas pelo MST
Próximo Texto: No ar - Nelson de Sá: Palco de guerra
Índice


Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Agência Folha.