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NO AR
Palco de guerra
NELSON DE SÁ
DA REPORTAGEM LOCAL
Record, primeiro, e depois Band transmitiram
quase o tempo todo, ao vivo.
Globo e Rede TV! entraram de
vez em quando.
As imagens eram do "helicóptero Águia Dourada", Globocop, câmeras na avenida Paulista, até câmera da CET.
A cavalaria avançou sobre os
manifestantes desordenados,
que haviam tomado as duas pistas, mas era tanta gente e tão
agressiva que os cavaleiros foram cercados.
- Jogam pedras, pedaços de
coco, garrafas de água.
A cavalaria recuou e se defendeu numa esquina. Avançou a
tropa de choque, mas eram poucos policiais e eles também foram cercados, no meio da avenida, e acabaram recuando até
outra esquina.
Diante deles, um homem balançava uma bandeira negra,
com o símbolo do anarquismo.
De um carro de som:
- Abaixo a repressão!
Havia de tudo entre os manifestantes, de funcionários da
saúde a metroviários, de estudantes a "professores do ensino
médio e fundamental" e universitário. Bandeiras do PSTU, camisetas do MST, faixas da
Umes. Na Band:
- É verdade que os perueiros
também estão a caminho?
- Está chegando muita gente
aqui.
Acuada, a tropa de choque
distribuiu bombas de gás e balas
de borracha. José Luiz Datena,
na Record:
- Uma pessoa ferida... Mais
uma pessoa ferida, talvez um fotógrafo... Um policial ferido. O
pelotão está acuado.
Depois:
- A Paulista está totalmente
paralisada. É a transformação
da maior cidade do país em palco de guerra.
Na Band:
- Tomada toda a avenida
Paulista. Até eu estou aqui com
medo. A garganta, os olhos, está
difícil até para falar.
A tropa voltou a avançar, agora com apoio de policiais em
motos. Abriram, à força de cassetetes e "spray de pimenta",
uma das pistas, que passou a ser
vigiada pela cavalaria. Carros e
ônibus voltaram.
Os manifestantes, finalmente
ordenados em passeata, deixaram a Paulista e desceram a
Consolação.
A Gazeta apresentou cenas assustadoras. Uma jovem repórter
avançou pelo meio do conflito.
Acompanhou e mostrou a violência contra o fotógrafo Alex
Silveira, atingido no olho.
Segundos depois, estourou
uma bomba, ela perdeu a respiração, desabou sobre a calçada
deixando cair o microfone e foi
levada, amparada.
A Globo News, que passou a
transmitir quando o conflito já
havia sido controlado, não demorou e cortou para Brasília, ao
vivo, com uma coletiva do governo sobre "os cortes no Orçamento da União".
E-mail
nelsonsa@uol.com.br
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