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ELEIÇÕES 2002
Presidente se queixou de desconforto com divergências de ministros
Em jantar com o PMDB, FHC ironiza Serra e Malan
RAQUEL ULHÔA
DENISE MADUEÑO
DA SUCURSAL DE BRASíLIA
O presidente Fernando Henrique Cardoso manifestou, em jantar com a cúpula do PMDB anteontem, seu desconforto com as
divergências públicas entre os ministros Pedro Malan (Fazenda) e
José Serra (Saúde), ambos citados
como possíveis candidatos à sua
sucessão em 2002.
FHC contou aos peemedebistas
que, quando alguém lhe perguntou se Malan era seu candidato
""da cabeça" e Serra, o do ""coração", ele pensou e respondeu:
""Ah! Por isso é que andei batendo
a cabeça e quase tive um infarto".
O constrangimento do presidente com os atritos entre Serra e
Malan -que começam por divergências na condução da política econômica- ficou patente em
outro momento, quando perguntaram sua opinião sobre a proposta de emenda constitucional
que vincula recursos orçamentários da União, dos Estados e dos
municípios à saúde.
Segundo senadores presentes,
FHC respondeu que o tema era
delicado e que ele não pode tomar
uma posição, já que seu ministro
da Fazenda é contra e o da Saúde,
a favor. ""Entre Serra e Malan, ele
ficou em cima do muro", resumiu
um dos presentes.
O presidente do Senado, Antonio Carlos Magalhães (PFL-BA),
foi alvo de críticas dos peemedebistas que sentaram à mesa principal. O jantar foi na casa do ministro Fernando Bezerra (Integração Nacional).
O líder do PMDB na Câmara,
Geddel Vieira Lima (BA), queixou-se de que ACM estava levando para o lado pessoal suas divergências com a cúpula do PMDB.
FHC pediu ""paciência" a Geddel.
FHC também concordou quando o senador Pedro Simon (RS)
disse que ACM estava prejudicando sua imagem com os ataques ao
presidente do PMDB, Jader Barbalho (PA). ""Não tenho a menor
dúvida", disse.
Na maior parte do tempo, as
conversas foram amenas. Jader e
FHC falaram sobre o antigo MDB,
do tempo de Ulysses Guimarães.
Lembraram também que participaram da primeira reunião de
formação do PT, no ABC paulista,
com Luiz Inácio Lula da Silva.
Um dos poucos assuntos de governo tratados na reunião foi a
votação do projeto do senador Álvaro Dias (PSDB-PR) que proíbe
o governo de vender as ações excedentes ao controle acionário da
Petrobras. FHC pediu para que os
senadores votem contra, dizendo
ser o ""timing" para a venda das
ações porque estão valorizadas.
A votação na CAE (Comissão de
Assuntos Econômicos) está marcada para a próxima terça-feira.
O presidente da CAE, Ney Suassuna (PB), disse que há preocupação de vários senadores com o fato de o governo ficar apenas com
50% mais um das ações, para
manter o controle acionário. Ele
propôs uma emenda elevando o
controle para 55%.
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