São Paulo, sexta-feira, 19 de maio de 2000


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ELEIÇÕES 2002
Presidente se queixou de desconforto com divergências de ministros
Em jantar com o PMDB, FHC ironiza Serra e Malan

RAQUEL ULHÔA
DENISE MADUEÑO


DA SUCURSAL DE BRASíLIA

O presidente Fernando Henrique Cardoso manifestou, em jantar com a cúpula do PMDB anteontem, seu desconforto com as divergências públicas entre os ministros Pedro Malan (Fazenda) e José Serra (Saúde), ambos citados como possíveis candidatos à sua sucessão em 2002.
FHC contou aos peemedebistas que, quando alguém lhe perguntou se Malan era seu candidato ""da cabeça" e Serra, o do ""coração", ele pensou e respondeu: ""Ah! Por isso é que andei batendo a cabeça e quase tive um infarto".
O constrangimento do presidente com os atritos entre Serra e Malan -que começam por divergências na condução da política econômica- ficou patente em outro momento, quando perguntaram sua opinião sobre a proposta de emenda constitucional que vincula recursos orçamentários da União, dos Estados e dos municípios à saúde.
Segundo senadores presentes, FHC respondeu que o tema era delicado e que ele não pode tomar uma posição, já que seu ministro da Fazenda é contra e o da Saúde, a favor. ""Entre Serra e Malan, ele ficou em cima do muro", resumiu um dos presentes.
O presidente do Senado, Antonio Carlos Magalhães (PFL-BA), foi alvo de críticas dos peemedebistas que sentaram à mesa principal. O jantar foi na casa do ministro Fernando Bezerra (Integração Nacional).
O líder do PMDB na Câmara, Geddel Vieira Lima (BA), queixou-se de que ACM estava levando para o lado pessoal suas divergências com a cúpula do PMDB. FHC pediu ""paciência" a Geddel.
FHC também concordou quando o senador Pedro Simon (RS) disse que ACM estava prejudicando sua imagem com os ataques ao presidente do PMDB, Jader Barbalho (PA). ""Não tenho a menor dúvida", disse.
Na maior parte do tempo, as conversas foram amenas. Jader e FHC falaram sobre o antigo MDB, do tempo de Ulysses Guimarães. Lembraram também que participaram da primeira reunião de formação do PT, no ABC paulista, com Luiz Inácio Lula da Silva.
Um dos poucos assuntos de governo tratados na reunião foi a votação do projeto do senador Álvaro Dias (PSDB-PR) que proíbe o governo de vender as ações excedentes ao controle acionário da Petrobras. FHC pediu para que os senadores votem contra, dizendo ser o ""timing" para a venda das ações porque estão valorizadas.
A votação na CAE (Comissão de Assuntos Econômicos) está marcada para a próxima terça-feira.
O presidente da CAE, Ney Suassuna (PB), disse que há preocupação de vários senadores com o fato de o governo ficar apenas com 50% mais um das ações, para manter o controle acionário. Ele propôs uma emenda elevando o controle para 55%.


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