São Paulo, sexta-feira, 19 de maio de 2000


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Prefeito libera verba a fundação de Yunes

LILIAN CHRISTOFOLETTI
DA REPORTAGEM LOCAL

O empresário Jorge Yunes -que disse ter emprestado R$ 800 mil a Celso Pitta (PTN)- intermediou com o prefeito liberação de verba de R$ 500 mil e o empréstimo de um terreno municipal para uma fundação que preside desde 1997.
Desde que Jorge Yunes assumiu a presidência da fundação Santos Dumont, no início de 1997, Pitta assinou dois decretos favorecendo diretamente a entidade.
No primeiro decreto, de setembro daquele ano, Pitta autorizou o repasse de R$ 500 mil às obras de reforma do museu de Aeronáutica de São Paulo, que pertence à fundação.
No segundo decreto, assinado em novembro do ano passado, Celso Pitta cedeu gratuitamente à Fundação Santos Dumont uma área no Cemucam (Centro Municipal de Campismo) -único terreno do município de São Paulo que fica em Cotia.
O presidente do conselho da Fundação Santos Dumont, Romeu Corsini, afirmou à Folha em entrevista gravada que o fato de Yunes ser amigo do prefeito pesou na escolha dele como presidente da diretoria.
"Nós o elegemos presidente porque é um homem de grande posse e tinha condições de nos ajudar. O dr. Yunes é muito amigo de Pitta e ele conseguiu várias coisas, como a autorização para transferir o acervo", disse Corsini.
Segundo ele, foi graças à Yunes que a entidade conseguiu uma sede temporária para abrigar o acervo do museu, que cedeu seu espaço original no Parque do Ibirapuera para a Mostra do Redescobrimento.
De acordo com o presidente do conselho, a transferência do museu é provisória.
A vantagem, segundo ele, é que, durante a Mostra do Redescobrimento, a sede do museu será reformada.
"O valor da reforma é de aproximadamente R$ 10 milhões", disse Corsini.
A relação de Pitta com Yunes é questionada pelo Ministério Público Estadual, que entrou com uma ação de improbidade administrativa (má gerência) por entender que o prefeito usou o cargo para favorecer o amigo e credor em questões pessoais.
No ano passado, a Folha publicou que o credor de Pitta tinha quatro parentes suspeitos de serem fantasmas na Anhembi, e que o empresário seria beneficiado com um projeto de emergência apresentado pelo prefeito na Câmara Municipal.

Outro lado


Yunes e Pitta informaram que a amizade dos dois não interferiu nas negociações.
Segundo Yunes, os R$ 500 mil que haviam sido prometidos pelo prefeito não chegaram a ser repassados efetivamente para a fundação.
"Eu realmente pressionei. Porém, quando a verba estava para sair, a fundação tinha fechado um contrato com a Mostra do Redescobrimento, que se encarregaria das obras. Por isso, não pudemos receber a verba", afirmou Yunes.
Ele disse não se lembrar se a prefeitura fez outros repasses de dinheiro para a instituição. Com relação ao terreno, Yunes disse que intercedeu para ajudar a fundação que estava abandonada. "Fiz sem nenhum interesse." A assessoria do prefeito Celso Pitta afirmou que não houve favorecimento ao empresário.


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