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Prefeito libera verba a fundação de Yunes
LILIAN CHRISTOFOLETTI
DA REPORTAGEM LOCAL
O empresário Jorge Yunes
-que disse ter emprestado R$
800 mil a Celso Pitta (PTN)- intermediou com o prefeito liberação de verba de R$ 500 mil e o empréstimo de um terreno municipal para uma fundação que preside desde 1997.
Desde que Jorge Yunes assumiu
a presidência da fundação Santos
Dumont, no início de 1997, Pitta
assinou dois decretos favorecendo diretamente a entidade.
No primeiro decreto, de setembro daquele ano, Pitta autorizou o
repasse de R$ 500 mil às obras de
reforma do museu de Aeronáutica de São Paulo, que pertence à
fundação.
No segundo decreto, assinado
em novembro do ano passado,
Celso Pitta cedeu gratuitamente à
Fundação Santos Dumont uma
área no Cemucam (Centro Municipal de Campismo) -único terreno do município de São Paulo
que fica em Cotia.
O presidente do conselho da
Fundação Santos Dumont, Romeu Corsini, afirmou à Folha em
entrevista gravada que o fato de
Yunes ser amigo do prefeito pesou na escolha dele como presidente da diretoria.
"Nós o elegemos presidente
porque é um homem de grande
posse e tinha condições de nos
ajudar. O dr. Yunes é muito amigo de Pitta e ele conseguiu várias
coisas, como a autorização para
transferir o acervo", disse Corsini.
Segundo ele, foi graças à Yunes
que a entidade conseguiu uma sede temporária para abrigar o
acervo do museu, que cedeu seu
espaço original no Parque do Ibirapuera para a Mostra do Redescobrimento.
De acordo com o presidente do
conselho, a transferência do museu é provisória.
A vantagem, segundo ele, é que,
durante a Mostra do Redescobrimento, a sede do museu será reformada.
"O valor da reforma é de aproximadamente R$ 10 milhões", disse
Corsini.
A relação de Pitta com Yunes é
questionada pelo Ministério Público Estadual, que entrou com
uma ação de improbidade administrativa (má gerência) por entender que o prefeito usou o cargo
para favorecer o amigo e credor
em questões pessoais.
No ano passado, a Folha publicou que o credor de Pitta tinha
quatro parentes suspeitos de serem fantasmas na Anhembi, e que
o empresário seria beneficiado
com um projeto de emergência
apresentado pelo prefeito na Câmara Municipal.
Outro lado
Yunes e Pitta informaram que a
amizade dos dois não interferiu
nas negociações.
Segundo Yunes, os R$ 500 mil
que haviam sido prometidos pelo
prefeito não chegaram a ser repassados efetivamente para a fundação.
"Eu realmente pressionei. Porém, quando a verba estava para
sair, a fundação tinha fechado um
contrato com a Mostra do Redescobrimento, que se encarregaria
das obras. Por isso, não pudemos
receber a verba", afirmou Yunes.
Ele disse não se lembrar se a
prefeitura fez outros repasses de
dinheiro para a instituição. Com
relação ao terreno, Yunes disse
que intercedeu para ajudar a fundação que estava abandonada.
"Fiz sem nenhum interesse." A
assessoria do prefeito Celso Pitta
afirmou que não houve favorecimento ao empresário.
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