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São Paulo, quinta-feira, 19 de junho de 2003

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BASE ALIADA

Ministro afirma que rigidez continuará para manter economia estável

Dirceu afirma a aliados que governo vai "arriscar mais"

Sergio Lima/Folha Imagem
O ministro José Dirceu (Casa Civil) e deputados depois da reunião com líderes partidários, ontem


RANIER BRAGON
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

O ministro José Dirceu (Casa Civil) fez reunião ontem de manhã com líderes aliados na Câmara para dizer que o governo começará a "arriscar mais" na economia. Ele também mostrou que já sabia que os juros cairiam e chegou a dizer que o Banco Central já é independente demais.
O "arriscar mais" seria, por exemplo, a liberação de parte dos recursos retidos do Orçamento e o patrocínio de uma política de redução segura dos juros.
Em relação aos juros, Dirceu mostrou aos líderes que sabia que a taxa cairia ontem, o que aconteceu depois do término de sua reunião, ocorrida durante um café da manhã na residência oficial do presidente da Câmara, João Paulo Cunha (PT-SP). Segundo a Folha apurou, ele disse aos líderes que o Copom (Comitê de Política Monetária) deveria reduzir a taxa básica de juros e chegou a afirmar aos presentes que o Banco Central tinha "independência demais".
Segundo relato do líder do PMDB, Eunício Oliveira (CE), Dirceu disse também que "o governo vai começar a correr um pouco mais de risco, sem perder a rigidez necessária para manter a economia estável". O teor da declaração foi confirmado por outros presentes ao encontro.
O anúncio do ministro teve como um dos objetivos aplacar reclamações da base aliada, já que muitos dos recursos contingenciados são relacionados a emendas feitas pelos parlamentares.
Ainda de acordo com presentes à reunião, Dirceu discursou por cerca de 40 minutos e voltou a fazer uma explanação da situação macroeconômica do país com o objetivo de mostrar aos aliados que a política econômica do governo federal estaria no caminho certo e que, portanto, não mudaria bruscamente de rumo.
Após mostrar índices e números, o ministro teria afirmado que o presidente Lula decidiu liberar até o final do mês R$ 800 milhões dos R$ 14,1 bilhões contingenciados dos ministérios em fevereiro.
"Ao mostrar que foi correto o ajuste, que funcionou, o ministro disse que isso permite agora ao governo pensar mais prioritariamente no projeto de desenvolvimento, que estava contido", disse Inácio Arruda (PC do B-CE).
Segundo os presentes, Dirceu declarou que as principais áreas beneficiadas serão as de saneamento público, a de moradia e a de transportes. Muitas das obras nessas áreas estão orçadas devido às emendas parlamentares.
O ministro teria afirmado que há, hoje, uma demanda dos ministérios de R$ 2 bilhões em investimentos. "Com isso, o governo libera, descontingencia, retoma o crescimento e alivia a economia sem comprometer o superávit [receita menos despesas, excluído o pagamento de juros] de 4,25%", completou Arruda.
"Todos nós estamos convencidos de que o governo está no caminho certo", declarou o petista Nelson Pellegrino (BA).
Ficou definido também na reunião que os líderes da base aliada se encontrarão todas as terças com a liderança do governo e que será elaborada uma nota técnica detalhando a evolução dos principais indicadores macroeconômicos do país para que os líderes distribuam em suas bancadas.
Além da questão econômica, a reunião serviu também para que governo e base aliada afinassem o discurso em relação à tramitação das reformas na Câmara.
Dirceu afirmou aos líderes da base aliada, segundo os presentes, que o PT "não jogará uma bola nas costas" dos demais partidos, assumindo para si eventuais modificações nas propostas enviadas pelo Executivo à Câmara no dia 30 de abril. Ficou acertado também que as eventuais emendas à reforma da Previdência serão assinadas por todos os partidos que integram a base do governo.

Colaborou a Sucursal de Brasília


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