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Líderes pressionam por nomeações
FERNANDO RODRIGUES
KENNEDY ALENCAR
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
Em café da manhã ontem com o
ministro José Dirceu (Casa Civil),
os líderes da base governista na
Câmara pediram que o Planalto
acelere as nomeações de aliados
nos Estados. Foi solicitada ainda
melhor coordenação política entre governo, líderes e o presidente
da Câmara, João Paulo Cunha.
Segundo a Folha apurou, os líderes disseram ser necessário fazer as nomeações pendentes o quanto antes, pois haveria risco
de o loteamento de cargos ficar
muito próximo da votação das
emendas da reforma previdenciária e da reforma tributária.
Não está disponível, nem o governo divulga, o número de cargos federais nos Estados que ainda estão vagos ou que terão seus
ocupantes substituídos. O total
ainda deve superar mil postos.
Embora o governo tenha usado
a distribuição de cargos como
uma das formas de ampliar sua
base, quer evitar ao máximo a conotação de fisiologismo. Por isso
os líderes pediram para afastar a
data das nomeações do dia em
que as reformas forem votadas.
Esse pedido, entretanto, contrasta com a estratégia do Planalto. Diferentemente do governo anterior, do tucano Fernando
Henrique Cardoso, a gestão Lula
tem sido marcada pela demora na
hora de fazer as nomeações para
quem diz fazer parte de sua base.
O PT julga que é melhor entregar
a recompensa só depois que o
congressista provou, em uma votação, que apóia o Planalto. Ontem, na casa de João Paulo, houve
pressão para que esse procedimento agora seja invertido.
Em breve discurso, Dirceu elogiou João Paulo (SP) e o líder do
PT na Câmara, Nelson Pellegrino
(BA). Disse que João Paulo é seu
amigo há duas décadas e que ambos têm relacionamento "sincero". O ministro da Casa Civil declarou que seu depoimento sobre
João Paulo tinha o objetivo de
contrapor "intrigas" que teriam
sido publicadas na mídia a respeito de um suposto desentendimento entre ambos.
Dirceu citou nominalmente a
Folha como um dos órgãos da
imprensa que noticiaram problemas no relacionamento entre ele e
João Paulo.
Ao sair do encontro, líderes governistas ouvidos disseram estranhar a necessidade de Dirceu dizer que João Paulo e Pellegrino estão prestigiados no Planalto. Se
estão mesmo, foi o raciocínio ouvido, não seria necessário dizê-lo.
Dirceu e o presidente Luiz Inácio Lula da Silva ficaram contrariados com João Paulo e Pellegrino, atribuindo a eles a inabilidade
política que resultou na criação de
uma CPI (a do Banestado) que o
governo desejava evitar.
Dirceu também ouviu um recado do líder do governo na Câmara, Aldo Rebelo (PC do B-SP). Rebelo disse que há descompasso
entre a amplitude de partidos da
base governista no Congresso e os
ministros no governo: há muitos
pastas ocupadas por petistas.
O líder do PSB, Eduardo Campos (PE), solicitou que os líderes
tivessem discurso mais uniforme
em defesa do governo Lula, num
recado claro sobre a falta de entrosamento dos últimos dias.
O líder do PP na Câmara, Pedro
Henry (MT), pediu maior entrosamento dos líderes com o presidente da Câmara, João Paulo Cunha. Pedro Henry não citou, mas
referia-se a um episódio em que
recebeu solicitações contraditórias de Dirceu e de João Paulo: enquanto o ministro solicitava ao PP
para que este não indicasse os integrantes para a CPI do Banestado, João Paulo pedia o oposto.
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