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São Paulo, quinta-feira, 19 de junho de 2003

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Líderes pressionam por nomeações

FERNANDO RODRIGUES
KENNEDY ALENCAR
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

Em café da manhã ontem com o ministro José Dirceu (Casa Civil), os líderes da base governista na Câmara pediram que o Planalto acelere as nomeações de aliados nos Estados. Foi solicitada ainda melhor coordenação política entre governo, líderes e o presidente da Câmara, João Paulo Cunha.
Segundo a Folha apurou, os líderes disseram ser necessário fazer as nomeações pendentes o quanto antes, pois haveria risco de o loteamento de cargos ficar muito próximo da votação das emendas da reforma previdenciária e da reforma tributária.
Não está disponível, nem o governo divulga, o número de cargos federais nos Estados que ainda estão vagos ou que terão seus ocupantes substituídos. O total ainda deve superar mil postos.
Embora o governo tenha usado a distribuição de cargos como uma das formas de ampliar sua base, quer evitar ao máximo a conotação de fisiologismo. Por isso os líderes pediram para afastar a data das nomeações do dia em que as reformas forem votadas.
Esse pedido, entretanto, contrasta com a estratégia do Planalto. Diferentemente do governo anterior, do tucano Fernando Henrique Cardoso, a gestão Lula tem sido marcada pela demora na hora de fazer as nomeações para quem diz fazer parte de sua base. O PT julga que é melhor entregar a recompensa só depois que o congressista provou, em uma votação, que apóia o Planalto. Ontem, na casa de João Paulo, houve pressão para que esse procedimento agora seja invertido.
Em breve discurso, Dirceu elogiou João Paulo (SP) e o líder do PT na Câmara, Nelson Pellegrino (BA). Disse que João Paulo é seu amigo há duas décadas e que ambos têm relacionamento "sincero". O ministro da Casa Civil declarou que seu depoimento sobre João Paulo tinha o objetivo de contrapor "intrigas" que teriam sido publicadas na mídia a respeito de um suposto desentendimento entre ambos.
Dirceu citou nominalmente a Folha como um dos órgãos da imprensa que noticiaram problemas no relacionamento entre ele e João Paulo.
Ao sair do encontro, líderes governistas ouvidos disseram estranhar a necessidade de Dirceu dizer que João Paulo e Pellegrino estão prestigiados no Planalto. Se estão mesmo, foi o raciocínio ouvido, não seria necessário dizê-lo.
Dirceu e o presidente Luiz Inácio Lula da Silva ficaram contrariados com João Paulo e Pellegrino, atribuindo a eles a inabilidade política que resultou na criação de uma CPI (a do Banestado) que o governo desejava evitar.
Dirceu também ouviu um recado do líder do governo na Câmara, Aldo Rebelo (PC do B-SP). Rebelo disse que há descompasso entre a amplitude de partidos da base governista no Congresso e os ministros no governo: há muitos pastas ocupadas por petistas.
O líder do PSB, Eduardo Campos (PE), solicitou que os líderes tivessem discurso mais uniforme em defesa do governo Lula, num recado claro sobre a falta de entrosamento dos últimos dias.
O líder do PP na Câmara, Pedro Henry (MT), pediu maior entrosamento dos líderes com o presidente da Câmara, João Paulo Cunha. Pedro Henry não citou, mas referia-se a um episódio em que recebeu solicitações contraditórias de Dirceu e de João Paulo: enquanto o ministro solicitava ao PP para que este não indicasse os integrantes para a CPI do Banestado, João Paulo pedia o oposto.


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