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São Paulo, quinta-feira, 19 de junho de 2003

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Para excluídos, veto é "inadmissível"

DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
DA AGÊNCIA FOLHA EM BRASÍLIA

Assim que soube que estava excluído da comissão especial que analisa a reforma da Previdência, o deputado Ivan Valente (PT-SP), 56, que é matemático e engenheiro mecânico de formação, começou a coletar assinaturas entre os petistas que estavam no plenário da Câmara dos Deputados para um manifesto contra a atitude da liderança do partido na Casa.
Além dele, o deputado Doutor Rosinha (PT-PR) também foi afastado da comissão.
Com o apoio do deputado Chico Alencar (PT-RJ), Valente conseguiu nove signatários para o texto -entre eles, o presidente da Comissão de Constituição e Justiça da Casa, Luiz Eduardo Greenhalgh (PT-SP). Ao anunciar o manifesto, ele disse que conseguiu poucas assinaturas porque o plenário estava vazio -o PT tem 93 deputados federais.
Os deputados excluídos redigiram um manifesto em que classificam a atitude como um "veto inadmissível, que limita o debate aberto, leal e democrático".
Eles ainda não sabiam que, horas mais tarde, seriam incluídos entre os sete suplentes da comissão. Esses postos, entretanto, não têm relevância prática para os dois afastados, já que seria necessária a renúncia de cinco titulares para que eles assumissem.
"Essa atitude [afastamento] é uma manifestação muito estranha, pouco transparente, sectária. Revela um veto. Acho que há pressão governamental, pressão sobre a bancada do PT", afirmou o deputado.

Afronta
Além de compor o grupo de petistas que tem somado declarações e atos contrários à política econômica do governo e à reforma, Valente foi um dos deputados que compareceram à manifestação dos servidores públicos na semana passada, em Brasília. O deputado Doutor Rosinha também esteve no protesto. A atitude foi considerada pelo ministro-chefe da Casa Civil, José Dirceu, uma afronta ao governo.
Desde então, Dirceu tem dito em conversas reservadas que o presidente Luiz Inácio Lula da Silva quer que os descontentes da bancada sejam tratados como dissidentes.
A Folha não conseguiu entrar em contato ontem com o deputado Doutor Rosinha.


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