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Demissão é uma "vitória", diz ex-padre
da Agência Folha,
em Belo Horizonte
""É uma vitória para o povo
brasileiro, não para mim." Assim o ex-padre e professor de filosofia José Antônio Monteiro
reagiu ao receber ontem a notícia da demissão do diretor-geral
da Polícia Federal, João Batista
Campelo.
As denúncias feitas por Monteiro de que Campelo teria comandado as torturas que sofreu
na sede da PF em São Luís (MA),
em 1970, foram determinantes
para a queda do novo diretor da
Polícia Federal.
Ele foi preso por Campelo sob
a alegação de atos subversivos.
Um tribunal militar inocentou o
ex-padre das denúncias, alegando que as provas contra ele foram forjadas. A sentença cita
ainda "coação" de testemunhas.
Monteiro disse que a saída de
Campelo era ""esperada" e foi
um ato de ""coerência". O ex-padre atribuiu a queda do diretor
da PF às pressões da sociedade e
ao empenho das entidades de direitos humanos.
""Eu tenho convicção na democracia, que não poderia conviver
com uma pessoa que representa
o retrocesso, com uma pessoa de
um grupo de antigas pessoas
que conduziram o país ao fascismo", afirmou.
Monteiro disse que algumas
dessas pessoas de ""cunho fascista", que atuaram durante o regime militar, ""estavam cercando o
governo, ganhando notoriedade
e sendo fortalecidas".
""Fico tranquilo, agora, com essa notícia", disse o ex-padre, que
leciona filosofia em uma faculdade de Maceió (AL), onde mora. Ele também trabalha na Secretaria da Agricultura de Alagoas.
Monteiro disse estar bem de
saúde. Na quarta-feira, quando
foi prestar depoimento à Comissão de Direitos Humanos da Câmara, ele teve uma crise de hipertensão e foi medicado.
Ele disse ter ficado ""impressionado" com a solidariedade das
pessoas, após ter prestado depoimento à comissão.
""Quando estava no avião retornando de Brasília, as pessoas
me reconheceram e disseram estar solidárias comigo. Por tudo
isso, não podia esperar outra notícia", afirmou.
Procurados ontem pela Agência Folha, o ex-reitor da Universidade Federal do Amapá João
Renôr Ferreira Carvalho e o bispo de Viana (MA), Xavier Gilles,
não foram encontrados.
Gilles estava fazendo uma visita pastoral em comunidades do
interior do Maranhão. Carvalho
estava em seu sítio, perto de Imperatriz, onde não há telefone.
Os dois também denunciaram
Campelo.
(PAULO PEIXOTO)
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