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MISTÉRIO EM AL
Debate entre legistas compromete laudo de Badan Palhares e reforça tese da polícia de duplo homicídio
Ex-seguranças deverão ir a julgamento
ARI CIPOLA
da Agência Folha, em Maceió
MÁRIO MAGALHÃES
enviado especial a Maceió
Quatro ex-seguranças do empresário Paulo
César Farias deverão ser denunciados em
agosto pelo Ministério Público
de Alagoas por co-autoria da morte de Suzana Marcolino e, talvez,
também pela de PC.
O debate entre peritos encerrado
na madrugada de ontem, depois de
8 horas e 59 minutos, reforçou a
convicção do promotor Luiz Vasconcelos de que Suzana não se suicidou e que pode não ter assassinado o namorado.
Os delegados Antônio Carlos
Lessa e Alcides Andrade já indiciaram os quatro seguranças por duplo homicídio. Lessa e Andrade
ainda ouvirão novas testemunhas
e entregarão o relatório em julho.
Realizado no fórum de Maceió, o
debate opôs os peritos que assinaram os dois laudos contraditórios
sobre o caso PC.
Os cinco consultores que farão
um parecer do confronto para o
promotor devem condenar a versão do legista Fortunato Badan Palhares, coordenador do primeiro
laudo, segundo o qual Suzana matou PC e se suicidou.
Se o juiz Alberto Jorge Correia
aceitar a provável denúncia do
promotor Vasconcelos, dificilmente o julgamento será realizado
ainda neste ano, embora a possibilidade exista.
A equipe de Badan Palhares debateu com os autores do contralaudo elaborado em 1997, no qual
foi questionada a tese de crime
passional.
Badan não apresentou nenhum
novo teste científico, apenas uma
simulação em vídeo com um barbante reproduzindo trajetória da
bala.
Os legistas Daniel Muñoz e Genival Veloso de França e os peritos
criminalísticos Domingos Tochetto e Nicholas Passos mostraram
nove novas experiências feitas em
laboratório.
Nas discussões, os consultores
do Ministério Público manifestaram várias divergências com Badan Palhares e nenhuma com os
autores do contralaudo.
Quando Badan insistiu na tese de
que Suzana media 1,67 m, e não
cerca de 10 cm a menos, foi criticado por Marcos Almeida, professor
de medicina legal da Universidade
Federal de São Paulo: "Suzana tinha muito menos de 1,67 m. Posso
afirmar isso além de qualquer dúvida razoável".
Sobre a hipótese de Suzana ter
atirado em 23 de junho de 1996, a
perita Miriam Garavelli, do Instituto de Criminalística de São Paulo, polemizou com Badan: "Para
ter atirado, Suzana precisaria ter
resíduos de chumbo, bário e antimônio nas mãos, o que não havia".
Os consultores devem entregar
em duas semanas ao Ministério
Público um parecer sobre o debate
e os laudos divergentes.
O juiz Alberto Jorge Correia afirmou que "não há prova técnica e
científica de que Suzana atirou. Na
dúvida, se faz necessário o processo, desde que haja indícios de autoria".
Na opinião do delegado Antônio
Carlos Lessa, "o debate serviu para
robustecer nossa linha de investigação, que aponta para o duplo homicídio".
Embora tenha reafirmado "globalmente" suas conclusões, pela
primeira vez Badan Palhares reconheceu haver falhas em seu laudo.
Ele concordou com afirmação do
juiz Correia, segundo o qual "as
premissas do laudo são frágeis".
O juiz ainda não decidiu se quebrará o sigilo bancário, fiscal e telefônico de Badan Palhares, conforme pedido feito pela polícia.
A Justiça alagoana recebeu de
volta o crânio de Suzana analisado
para a elaboração do contralaudo.
A família será informada para que
o crânio seja enterrado com o resto
do corpo.
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