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REFORMA DA REFORMA
Professor Luizinho e Nelson Pellegrino criticam nota
Juízes fazem "chantagem", acusam líderes governistas
FERNANDA KRAKOVICS
DA AGÊNCIA FOLHA, EM BRASÍLIA
Lideranças do PT e do governo
na Câmara dos Deputados acusaram ontem magistrados e os representantes do Ministério Público de fazer "chantagem" e de "se
colocarem acima da sociedade"
quando colocam a reforma da
Previdência Social como uma
ameaça à soberania nacional.
As reações de ontem foram uma
resposta à nota divulgada no dia
anterior pela AMB (Associação
dos Magistrados Brasileiros),
Anamatra (Associação Nacional
dos Magistrados da Justiça do
Trabalho) e Conamp (Associação
Nacional dos Membros do Ministério Público), afirmando que há
"situação desagregadora e caótica", "fragilização da soberania nacional e desmonte total do Estado", além de "risco de uma séria
crise institucional".
"Entidade sindical é para reivindicar salário para seus associados,
mas precisa ter juízo. Reivindicar
aumento salarial para membros
do Judiciário nos Estados é direito
deles, mas ameaçar, agredir e
chantagear com quebra da institucionalidade é inaceitável", disse
o deputado Professor Luizinho
(PT-SP), vice-líder do governo.
As três entidades dos representantes do Judiciário divulgaram o
documento após a leitura do parecer da reforma da Previdência
na Câmara, em que o subteto salarial do Judiciário nos Estados foi
fixado em 75% dos rendimentos
dos ministros do STF (Supremo
Tribunal Federal). Na versão original do relatório o subteto era de
90,25%. Com o salário do STF de
R$ 17.170, um desembargador receberá no máximo R$ 12.877.
A alteração foi feita momentos
antes da leitura do relatório, assim como a redução do teto para
o pagamento integral das pensões
de R$ 2.400 para R$ 1.058, por
pressão dos governadores, via Palácio do Planalto.
Insatisfação
A modificação no texto apenas
aumentou a insatisfação do Judiciário, que também defende a manutenção da integralidade e da
paridade também para os futuros
servidores. Com o subteto fixado
em 75%, as entidades representativas do Judiciário acreditam que
vai haver um desestímulo para o
preenchimento de vagas nos Estados. A nota das lideranças do governo e do PT na Câmara diz que
o texto das entidades do Judiciário "navega numa espécie de
consciência negativa" e "atribui à
divulgação de um simples relatório sobre a reforma da Previdência a instalação do caos no país".
E continua: "É espantoso que
representantes sindicais da magistratura e do Ministério Público,
ao exercerem o direito de reivindicação de suas respectivas categorias, se coloquem acima da sociedade, apresentando uma tentativa de superar distorções como
um atentado ao Estado de direito.
Suprimir certos privilégios, como
reclama a sociedade brasileira, seria ofensa não às suas expectativas
patrimoniais, mas à própria institucionalidade do país".
O documento, assinado pelo
deputado Professor Luizinho
(PT-SP) e pelo líder do PT na Casa, Nelson Pellegrino (BA), diz
que os membros do Judiciário
"devem tomar consciência de que
suas remunerações e aposentadorias só podem ser afirmadas dentro das possibilidades orçamentárias do Estado brasileiro e da realidade do nosso serviço público".
O presidente do PT, José Genoino, também foi para a linha de
frente. "O governo não vai ceder
nada e não vai bater boca com o
Judiciário, que não pode ameaçar
o país de crise institucional", afirmou ele, que considerou a nota da
magistratura e do Ministério Público "um exagero, fora de tom".
O principal argumento utilizado pelo Judiciário para ficar de fora das regras impostas pela reforma da Previdência é que os juízes
são uma carreira de Estado e por
isso precisariam ter garantias.
A nota termina com um apelo.
"Manifestamos esperança de que
as entidades representativas do
Judiciário e do Ministério Público
retomem o debate de forma serena, responsável e democrática".
Leia o relatório da reforma da Previdência na
www.folha.com.br/031971
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