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REFORMA DA REFORMA
Presidentes dos TJs do Rio Grande do Sul e do Rio dizem que reforma causará corrida à aposentadoria
Projeto esvazia Judiciário, dizem tribunais
LÉO GERCHMANN
DA AGÊNCIA FOLHA, EM PORTO ALEGRE
MURILO FIUZA DE MELO
DA SUCURSAL DO RIO
O presidente do TJ (Tribunal de
Justiça) gaúcho, José Eugênio Tedesco, disse ontem temer que a
manutenção do relatório da reforma da Previdência Social promova um "esvaziamento" do Judiciário. Motivo: apenas no Rio
Grande do Sul, há 70 magistrados
(nem todos desembargadores)
em condições de se aposentar.
"Caso isso ocorra, não teremos
como repor as vagas, haverá uma
crise", afirmou Tedesco, um dos
125 desembargadores do Estado.
Para o presidente do TJ do Rio,
desembargador Miguel Pachá, a
reforma da Previdência tem sido
"um desastre" para o Judiciário
fluminense. Segundo ele, servidores experientes estão pedindo
aposentadoria. No ano passado,
103 funcionários do TJ se aposentaram. Este ano, só até 30 de junho, 97 pedidos de aposentadoria
já tinham sido encaminhados.
A redução do subteto de 90%
para 75% do salário de ministro
do STF (Supremo Tribunal Federal) para os desembargadores desagradou a Pachá. Ele disse ser
"inadmissível" que um desembargador, após 30 ou 40 anos de
serviço, ganhe menos do que um
juiz federal em início de carreira.
Tedesco define o teor do relatório como "um desrespeito ao Judiciário", pois, segundo ele, havia
um outro texto pronto antes de
ocorrer a leitura, e o relator, o deputado José Pimentel (PT-CE), foi
"uma marionete do governo".
"Houve uma atitude indigna do
Planalto, é inadmissível. Mas nada está definido, acredito nos debates em plenário", acrescentou.
De acordo com Tedesco, o que
houve foi a capitulação do governo federal à pressão dos governadores, o que torna as perspectivas
incertas. A principal queixa do
magistrado gaúcho é o "estabelecimento de dois Judiciários, um
federal e outro estadual".
"Sem querer tirar os méritos da
Justiça Federal, a Justiça dos Estados se encarrega de 70% do trabalho no Judiciário", afirmou ele.
Para exemplificar o que define como uma "desarrumação absoluta", diz que um juiz federal, entrando agora no Judiciário, receberá vencimentos em valores superiores que os de um desembargador com 35 anos de carreira. O
presidente da Ajuris (Associação
dos Juízes do Rio Grande do Sul),
José Aquino de Camargo, disse
ter certeza de que haverá greve.
Rio
A mudança do texto da PEC 40
também desagradou a promotores e procuradores do Rio, que se
reuniram ontem na sede da Amperj (Associação do Ministério
Público do Rio de Janeiro) e decidiram reafirmar o indicativo de
greve tirado na última segunda.
Decidiram realizar um "Dia de
Vigília Institucional", na data em
que o relatório de José Pimentel
(PT-CE) for votado na comissão.
A decisão dos promotores e dos
procuradores será encaminhada
pelo presidente da Amperj, Marfan Martins Vieira, à reunião da
Associação Nacional dos Membros do Ministério Público, na
terça, em Brasília. Na ocasião, os
presidentes das associações estaduais do MP, do Ministério Público do Trabalho e do Ministério
Público Militar apreciarão a proposta de uma greve nacional.
O presidente da Amaerj (Associação dos Magistrados do Rio),
Luís Felipe Salomão, também
prometeu "lutar com todas as
possibilidades" contra a reforma.
A Amagis (Associação dos Magistrados Mineiros) divulgou nota na qual classificou de "irresponsável" e "inconstitucional" o
relatório. Disse que, se aprovadas,
as medidas quebrarão a "harmonia necessária existente entre os
três Poderes". A nota, assinada
pelo presidente da Amagis, Doorgal Gustavo Borges de Andrada,
fala em possibilidade de greve.
"O subteto proposto não resiste
a uma simples análise de constitucionalidade. Primeiro, porque rebaixa os vencimentos atuais, ferindo garantias e princípios jurídicos universais, como a irredutibilidade dos vencimentos e o direito adquirido. Segundo, porque
desorganiza a hierarquia do Judiciário brasileiro", disse Andrada.
Colaborou a Agência Folha
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