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PT e governo recuaram,
diz Genoino
DO ENVIADO A BRASÍLIA
O presidente do PT, José Genoino, reconheceu ontem o recuo do
partido e do governo na reforma
da Previdência, mas afirmou que
a inclusão da paridade dos reajustes para os atuais servidores públicos no relatório é "simbólica",
sem efeitos práticos.
"O governo cedeu de verdade
na integralidade [aposentadoria
integral]. A paridade que está no
relatório é simbólica, uma concessão política", disse o petista.
A paridade, encampada pela base governista da Câmara, só foi
aceita pelo presidente Luiz Inácio
Lula da Silva após muita resistência, pois não fazia parte do pacto
com os governadores.
Segundo Genoino, da forma como ficou a redação desse ponto
no relatório, ele terá poucos efeitos práticos porque só terão acesso à paridade os servidores que
cumprirem os novos requisitos
para a aposentadoria integral
-60 anos de idade para homens,
55 para mulheres; 35 anos de contribuição para homens, 30 para
mulheres; 20 anos no serviço publico e dez anos no cargo.
Além disso, o relatório propõe a
paridade levando em conta só a
remuneração básica do servidor.
Segundo Genoino, a fórmula
encontrada para minimizar os
efeitos da paridade, o parágrafo
único do artigo 7 do relatório, não
partiu do Legislativo.
Desde o início das discussões, o
presidente do PT se firmou como
o principal porta-voz do governo
e do partido na defesa do fim da
integralidade e da paridade.
Ontem, Genoino disse acreditar
que não saiu desgastado das negociações por conta do recuo do
governo. "Eu sairia desgastado se
a proposta da Câmara, que estendia a paridade e a integralidade
para os atuais e futuros servidores, tivesse sido aprovada. Eu articulei o recuo do recuo", disse.
Na próxima semana o PT terá
duas reuniões, ambas em Brasília,
que, segundo Genoino, encerrarão o ciclo de discussões em torno
da reforma da Previdência. Na
terça, a bancada debaterá o assunto. Na quarta, a Executiva, com
base na resolução tomada na última reunião do Diretório Nacional, irá deliberar sobre o relatório.
Para o presidente do PT, a inclusão da integralidade no relatório
não fortalece os chamados radicais do partido que enfrentam
processo disciplinar na Comissão
de Ética do partido - a senadora
Heloísa Helena (AL) e os deputados Babá (PA), Luciana Genro
(RS) e João Fontes (SE).
"O que eles defenderam desde o
início era a retirada do projeto. Isso o governo não fez."
Para o presidente da Câmara,
João Paulo Cunha, que esteve em
Buenos Aires para assinar um
acordo de cooperação entre Brasil
e Argentina para a criação de um
"Parlamento comum" do Mercosul, o texto da reforma da Previdência tem "pouco espaço" para
sofrer novas modificações.
Ele disse que o Congresso começou a discutir como será aplicada a previdência complementar. A intenção, afirmou, é que no
futuro essa complementaridade
seja administrada por fundos de
pensão privados e públicos.
Colaborou ELAINE COTTA, de Buenos
Aires
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