São Paulo, segunda-feira, 19 de julho de 2004

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

COMUNICAÇÃO

Os dois institutos a serem contratados receberão de R$ 4 mi a R$ 5 mi por ano

Planalto abrirá licitação para pesquisa

WILSON SILVEIRA
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

O Palácio do Planalto vai abrir nos próximos dias licitação pública para contratar dois institutos de pesquisa, ao custo de R$ 4 milhões a R$ 5 milhões por ano, para fazer as pesquisas de opinião pública de interesse do governo.
O assunto foi discutido nos últimos seis meses no âmbito da Secom (Secretaria de Comunicação e Gestão Estratégica), comandada pelo ministro Luiz Gushiken. A Secom preparou o edital, que agora é analisado pela Casa Civil da Presidência, antes de ser publicado no "Diário Oficial" da União.
Marcus Flora, secretário-adjunto da Secom, disse ontem que a contratação das agências nada tem a ver com a crescente queda de popularidade do presidente Luiz Inácio Lula da Silva.
Pesquisas de opinião indicam que o governo Lula, desde a posse, vem perdendo popularidade. A última delas, da CNI/Ibope, divulgada em 29 de junho, indicava que o governo era avaliado positivamente por só 29% da população. Pesquisa CNT/Sensus divulgada uma semana antes, no dia 22, mostrou uma avaliação positiva de 29,4% -ambos em queda.
Segundo Flora, o governo quer restringir a pesquisa a dois institutos para acompanhar com mais exatidão os resultados a longo prazo. Atualmente, as pesquisas são feitas por diversos institutos, que usam metodologia diferente, o que dificulta a comparação.
Até agora, a gestão Lula vem usando o mesmo método do governo Fernando Henrique Cardoso em relação à contratação de pesquisas: os institutos são contratados pelas agências de publicidade que detêm a conta da publicidade institucional do governo. Com essa triangulação, paga-se pesquisa com verba publicitária e se contorna a exigência legal de licitação. Com a contratação dos institutos, acaba a triangulação.
Continuam sob a responsabilidade das três agências que têm a conta da publicidade institucional do governo (Duda Mendonça, Matisse e Lew, Lara) as pesquisas previstas em seus contratos: de pré-teste e "recall".
A pesquisa pré-teste avalia a aceitação de uma propaganda oficial assim que ela é colocada no ar. O "recall" avalia se a propaganda atingiu ou não seu objetivo.
O edital preparado pela Secom prevê a realização de diversas modalidades de pesquisa: quantitativa de campo, qualitativa, de profundidade e "tracking" (rastreamento). A quantitativa de campo prevê entrevistas feitas pessoalmente, nas ruas e em domicílios. A qualitativa é feita com grupos, dependendo do que se queira avaliar, com questionário mais longo e respostas mais longas. A de profundidade é parecida com a qualitativa, só que com entrevistas individuais e seleção mais direcionada dos entrevistados.
O "tracking" é uma série de pesquisas que visam à elaboração de uma curva da opinião pública a respeito de determinado tema.
O governo encomenda pesquisas periodicamente para avaliar não só a sua popularidade, mas o impacto de suas políticas ou o desgaste de episódios que abalam a sua imagem, como o caso Waldomiro -o ex-assessor da Casa Civil filmado pedindo propina a um empresário de jogos quando era presidente da Loterj (Loteria do Estado do Rio de Janeiro).
Flora disse que a contratação das agências não significa que vá aumentar o número de pesquisas encomendadas pelo governo.


Texto Anterior: Pressão dos EUA dificultou a regulamentação
Próximo Texto: Eleições 2004 / Recursos públicos: Serra e Maia propõem trocar índice de dívida
Índice



Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.