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CNBB critica vínculo entre voto e fé
DA REPORTAGEM LOCAL
O vice-presidente da CNBB
(Conferência Nacional dos Bispos
do Brasil), dom Antônio Celso de
Queirós, bispo de Catanduva
(SP), condena a busca pelo candidato do voto evangélico diretamente do púlpito das igrejas.
"Fazer um ato religioso em favor de um candidato é misturar
demais religião com política. Isso
nós condenamos. A Igreja Católica não aprova este tipo de comportamento."
Historicamente, a Igreja Católica não se posiciona a favor ou
contra um candidato, mas algumas pastorais, principalmente
aquelas ligadas aos movimentos
sociais, tendem a apoiar, embora
não abertamente, candidatos ligados ao seu trabalho.
Segundo dom Celso, a Igreja
Católica não está contra a prefeita
Marta Suplicy (PT), candidata à
reeleição em SP, pelo fato de ela
defender bandeiras polêmicas,
como a união civil entre homossexuais. "Um certo amparo legal
[para pessoas do mesmo sexo] é
até possível estudar. O que não
apoiamos é o casamento."
Ele ainda afirma que o papel da
igreja, neste caso, é apenas orientar os seus fiéis. "Eles são livres
para votar em quem quiserem."
Para a antropóloga Regina Novaes, do Iser (Instituto Superior
de Estudos da Religião), a influência do pastor no voto de seus fiéis
depende da forma como ele aborda o tema na igreja. "O pastor é
uma liderança que tem ascendência sobre os seus fiéis, mas, agora,
ele tem que ter um poder de convencimento que não pode soar
como imposição, porque senão
os seus fiéis vão embora de sua
igreja", afirma.
O sociólogo Flávio Pierucci, da
Universidade de São Paulo, discorda de Novaes. Para ele, o pastor tem uma certa influência no
voto de seus fiéis, mas a sua voz
não é fator determinante. "Há outras influências, como o círculo de
amigos e a mídia, por exemplo."
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