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SUCESSÃO
Ordem de comando político da campanha por Fernando Henrique Cardoso é "menos Brasília e mais Brasil'
Ministros fazem hora extra pela reeleição
WILLIAM FRANÇA
LUIZA DAMÉ
da Sucursal de Brasília
Oficialmente impedidos de colocar a máquina administrativa a favor da campanha do presidente
Fernando Henrique Cardoso,
ocupantes da Esplanada dos Ministérios -em especial os ministros- têm vestido a camisa da
reeleição e trabalhado em horas
vagas preparando a eventual continuidade do governo.
A ordem do comando político
da campanha aos ministros é
"menos Brasília e mais Brasil".
Ou seja, viajar pelo país e mostrar
as realizações do governo FHC.
Como a Lei Eleitoral proíbe a propaganda institucional neste período, a ação deve ser "comunicação
no gogó".
Alguns ministros têm ajudado
na campanha aumentando a frequência com que concedem entrevistas à imprensa, especialmente
às rádios e aos jornais do interior.
Por exemplo, o da Agricultura,
Francisco Turra, o dos Transportes, Eliseu Padilha, e o da Educação, Paulo Renato Souza.
Paulo Renato tem ainda engajamento direto nas ações de campanha. Ele está participando da elaboração do programa de governo
para o eventual segundo mandato
de FHC, tarefa pela qual foi responsável na campanha anterior.
O ministro deverá tirar férias em
agosto para ajudar a concluir a redação do programa de governo.
Há, no entanto, restrições do Palácio do Planalto a essa atitude, considerada um desgaste político desnecessário para ele.
Para evitar acusações de uso da
máquina, Paulo Renato chegou
até mesmo a alugar um telefone
celular para usar somente nas atividades de campanha.
Cuidados
Eliseu Padilha e o ministro Renan Calheiros (Justiça) trabalham
na articulação do PMDB com o
comitê central de campanha. Nesta semana, Padilha negociou a
adesão de mais um candidato peemedebista à candidatura de FHC.
O Diretório Regional do Espírito
Santo declarou apoio a FHC. Com
isso, o candidato do PT Luiz Inácio Lula da Silva deverá perder o
palanque de Vasco Alves (PMDB).
Padilha e Calheiros deverão
acompanhar FHC nas viagens de
campanha a seus Estados e nos
atos promovidos por candidatos
peemedebistas -atitude que deve
ser seguida por outros ministros.
Padilha estará hoje no grupo que
acompanha FHC no comício de
Porto Alegre.
No Ministério do Planejamento,
o titular Paulo Paiva tem buscado
ser discreto. Não tem participado
diretamente das discussões do
programa de governo, mas, como
tem a tarefa de distribuir o dinheiro público, acompanha de perto as
promessas de gastos futuros, como em obras de infra-estrutura.
De comportamento reservado,
Paiva deixa que dois de seus principais assessores ocupem lugar na
mídia. Falam com frequência à
imprensa a secretária de Política
Urbana, Maria Emília Rocha Azevedo, que cuida da liberação de recursos para obras de habitação e
de saneamento, e o secretário de
Planejamento e Avaliação, José
Paulo Silveira, coordenador-geral
do programa "Brasil em Ação".
No Planejamento, a prioridade
agora é concluir as propostas do
"Brasil em Ação 99", programa
que usará sobras de recursos da
primeira etapa do programa de 42
obras de infra-estrutura e ações
sociais.
O chamado "Brasil em Ação 2",
que será a "coluna vertebral" do
Plano Plurianual (PPA)
2000-2004, ainda está embrionário. Por falta de tempo hábil, o plano não deverá servir de orientação
para o programa de governo, mas
sim o contrário: caberá ao PPA englobar as promessas que forem
feitas durante a campanha.
No Ministério da Agricultura, a
tarefa em tempo de campanha
reeleitoral é mostrar que as ações
do governo no setor poderão resultar na safra recorde e histórica
de 100 milhões de toneladas de
grãos no ano 2000.
O porta-voz-adjunto da Presidência, Georges Lamazière, afirmou anteontem que os ministros
não mudarão suas rotinas em decorrência da campanha eleitoral.
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