São Paulo, domingo, 19 de julho de 1998

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SUCESSÃO
Ordem de comando político da campanha por Fernando Henrique Cardoso é "menos Brasília e mais Brasil'
Ministros fazem hora extra pela reeleição

WILLIAM FRANÇA
LUIZA DAMÉ
da Sucursal de Brasília

Oficialmente impedidos de colocar a máquina administrativa a favor da campanha do presidente Fernando Henrique Cardoso, ocupantes da Esplanada dos Ministérios -em especial os ministros- têm vestido a camisa da reeleição e trabalhado em horas vagas preparando a eventual continuidade do governo.
A ordem do comando político da campanha aos ministros é "menos Brasília e mais Brasil". Ou seja, viajar pelo país e mostrar as realizações do governo FHC. Como a Lei Eleitoral proíbe a propaganda institucional neste período, a ação deve ser "comunicação no gogó".
Alguns ministros têm ajudado na campanha aumentando a frequência com que concedem entrevistas à imprensa, especialmente às rádios e aos jornais do interior. Por exemplo, o da Agricultura, Francisco Turra, o dos Transportes, Eliseu Padilha, e o da Educação, Paulo Renato Souza.
Paulo Renato tem ainda engajamento direto nas ações de campanha. Ele está participando da elaboração do programa de governo para o eventual segundo mandato de FHC, tarefa pela qual foi responsável na campanha anterior.
O ministro deverá tirar férias em agosto para ajudar a concluir a redação do programa de governo. Há, no entanto, restrições do Palácio do Planalto a essa atitude, considerada um desgaste político desnecessário para ele.
Para evitar acusações de uso da máquina, Paulo Renato chegou até mesmo a alugar um telefone celular para usar somente nas atividades de campanha.

Cuidados
Eliseu Padilha e o ministro Renan Calheiros (Justiça) trabalham na articulação do PMDB com o comitê central de campanha. Nesta semana, Padilha negociou a adesão de mais um candidato peemedebista à candidatura de FHC.
O Diretório Regional do Espírito Santo declarou apoio a FHC. Com isso, o candidato do PT Luiz Inácio Lula da Silva deverá perder o palanque de Vasco Alves (PMDB).
Padilha e Calheiros deverão acompanhar FHC nas viagens de campanha a seus Estados e nos atos promovidos por candidatos peemedebistas -atitude que deve ser seguida por outros ministros. Padilha estará hoje no grupo que acompanha FHC no comício de Porto Alegre.
No Ministério do Planejamento, o titular Paulo Paiva tem buscado ser discreto. Não tem participado diretamente das discussões do programa de governo, mas, como tem a tarefa de distribuir o dinheiro público, acompanha de perto as promessas de gastos futuros, como em obras de infra-estrutura.
De comportamento reservado, Paiva deixa que dois de seus principais assessores ocupem lugar na mídia. Falam com frequência à imprensa a secretária de Política Urbana, Maria Emília Rocha Azevedo, que cuida da liberação de recursos para obras de habitação e de saneamento, e o secretário de Planejamento e Avaliação, José Paulo Silveira, coordenador-geral do programa "Brasil em Ação".
No Planejamento, a prioridade agora é concluir as propostas do "Brasil em Ação 99", programa que usará sobras de recursos da primeira etapa do programa de 42 obras de infra-estrutura e ações sociais.
O chamado "Brasil em Ação 2", que será a "coluna vertebral" do Plano Plurianual (PPA) 2000-2004, ainda está embrionário. Por falta de tempo hábil, o plano não deverá servir de orientação para o programa de governo, mas sim o contrário: caberá ao PPA englobar as promessas que forem feitas durante a campanha.
No Ministério da Agricultura, a tarefa em tempo de campanha reeleitoral é mostrar que as ações do governo no setor poderão resultar na safra recorde e histórica de 100 milhões de toneladas de grãos no ano 2000.
O porta-voz-adjunto da Presidência, Georges Lamazière, afirmou anteontem que os ministros não mudarão suas rotinas em decorrência da campanha eleitoral.



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